São Paulo, sábado, 10 de novembro de 2007

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Engenheiro foi por 5 anos o único especialista em pontes a trabalhar no Dnit

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Coordenador de Estrutura do Dnit (Departamento Nacional de Infra-estrutura Terrestre), Eduardo Calheiros de Araújo, 64, tem 33 anos de serviço público, acha que está na hora de sair e lembra que, durante quase cinco anos, foi o único engenheiro especializado em pontes do órgão.
Foi durante o período de 1990 e 1995, quando diz que a falta de investimentos no setor público praticamente desestruturou a área de transportes do governo federal. "O serviço na época era só tapar buracos", recorda o coordenador, que diz ter propostas do setor privado, mas afirma que antes deseja montar uma equipe treinada.
Hoje, ele coordena uma equipe de dez engenheiros de estruturas no Dnit, todos contratados. Mas até pouco tempo a maioria de seus comandados, desde que deixou de ser o único funcionário do departamento, era de terceirizada.
Em sua opinião, a equipe ideal no setor deveria ser de 17 engenheiros para dar conta do serviço. "Hoje, nossas pontes têm idade média de 45 anos e estão precisando de reparos", afirma Calheiros de Araújo, natural do Rio e que não tem nenhum parentesco com o presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros.
O engenheiro diz que hoje o problema é outro. Antes não havia gente por falta de estrutura e investimento. Agora, quem está sendo formado dentro do órgão deixa o cargo por salário e por conta do aquecimento da economia.
"Tenho treinado um ou dois engenheiros a cada ano. Só que vem o setor privado e tira o cara daqui. Tinha um engenheiro há seis anos, ganhava R$ 4 mil e saiu por causa de um convite do setor privado para receber R$ 10 mil", disse.
A concorrência não vem só de fora. Engenheiros que ingressaram no Dnit continuam fazendo outros concursos, em busca de melhores salários. "Hoje, estamos perdendo engenheiro concursado, com doutorado, porque ele ganha R$ 3 mil, faz concurso na CGU (Controladoria Geral da União), passa, vai ser analista e ganha R$ 6 mil."
Formado pela antiga Escola Nacional de Engenharia, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro, ele declara ter tido sorte nesses 33 anos de serviços de "não ter encontrado nenhum índio hostil, só animal", durante sua vida profissional. (VC)

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