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Engenheiro foi por 5 anos o único especialista em pontes a trabalhar no Dnit
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Coordenador de Estrutura
do Dnit (Departamento Nacional de Infra-estrutura Terrestre), Eduardo Calheiros de
Araújo, 64, tem 33 anos de
serviço público, acha que está
na hora de sair e lembra que,
durante quase cinco anos, foi
o único engenheiro especializado em pontes do órgão.
Foi durante o período de
1990 e 1995, quando diz que a
falta de investimentos no setor público praticamente desestruturou a área de transportes do governo federal. "O
serviço na época era só tapar
buracos", recorda o coordenador, que diz ter propostas do
setor privado, mas afirma que
antes deseja montar uma
equipe treinada.
Hoje, ele coordena uma
equipe de dez engenheiros de
estruturas no Dnit, todos contratados. Mas até pouco tempo a maioria de seus comandados, desde que deixou de ser
o único funcionário do departamento, era de terceirizada.
Em sua opinião, a equipe
ideal no setor deveria ser de 17
engenheiros para dar conta do
serviço. "Hoje, nossas pontes
têm idade média de 45 anos e
estão precisando de reparos",
afirma Calheiros de Araújo,
natural do Rio e que não tem
nenhum parentesco com o
presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros.
O engenheiro diz que hoje o
problema é outro. Antes não
havia gente por falta de estrutura e investimento. Agora,
quem está sendo formado
dentro do órgão deixa o cargo
por salário e por conta do
aquecimento da economia.
"Tenho treinado um ou dois
engenheiros a cada ano. Só
que vem o setor privado e tira
o cara daqui. Tinha um engenheiro há seis anos, ganhava
R$ 4 mil e saiu por causa de
um convite do setor privado
para receber R$ 10 mil", disse.
A concorrência não vem só
de fora. Engenheiros que ingressaram no Dnit continuam
fazendo outros concursos, em
busca de melhores salários.
"Hoje, estamos perdendo engenheiro concursado, com
doutorado, porque ele ganha
R$ 3 mil, faz concurso na CGU
(Controladoria Geral da
União), passa, vai ser analista
e ganha R$ 6 mil."
Formado pela antiga Escola
Nacional de Engenharia, hoje
Universidade Federal do Rio
de Janeiro, ele declara ter tido
sorte nesses 33 anos de serviços de "não ter encontrado
nenhum índio hostil, só animal", durante sua vida profissional.
(VC)
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