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NOVO MANDATO
Presidente do partido defende queda dos juros e a privatização da estatal petrolífera e do Banco do Brasil
PFL pressiona pela venda da Petrobrás
ELIANE CANTANHÊDE
Diretora da Sucursal de Brasília
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, defende "um desmonte
radical do Estado", com a privatização inclusive da Petrobrás e do
Banco do Brasil.
Na sua opinião, um programa de
privatização agressivo seria a melhor alternativa para driblar "a encruzilhada" do déficit fiscal e do
déficit nas contas externas.
As duas outras saídas, que ele citou para descartá-las, seriam a
emissão de moeda, que significaria
a volta da inflação, e a liberalização
do câmbio, que a seu ver geraria a
perda de valor dos salários.
"Não há economia que se sustente com uma taxa de juros maior
que 20% ao ano", reclamou Bornhausen durante jantar em sua casa, anteontem. O programa de estabilização do governo prevê que
os juros ficarão, em média, em
21,9% no próximo ano.
A venda da Petrobrás e do Banco
do Brasil já havia sido defendida
pelo PFL na discussão do programa de governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas,
como se trata de um tema polêmico, foi deixado de lado durante a
campanha eleitoral.
FHC não descarta incluir as duas
maiores empresas estatais no programa de privatização, que prevê a
venda das empresas do setor elétrico no próximo ano.
²
Conselho da Produção
Bornhausen insiste em que a
criação do Ministério da Produção
não deverá resolver a excessiva dependência da economia brasileira
em relação ao capital externo. Ele
propôs ao presidente a criação de
um conselho da produção, com
empresários de diferentes setores.
Citou como exemplos Jorge Gerdau Johannpeter (grupo Gerdau) e
Paulo Cunha (Grupo Ultra). Além
deles, participariam estrategistas
como Eliezer Batista, ex-secretário
de Assuntos Estratégicos (governo
Collor) e colaborador do programa de governo de FHC.
"Com esse conselho, o ministro
poderia ser qualquer um", comentou Bornhausen. Ele só exclui um
nome: o do ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de
Barros. "Isso seria inviável, não
apenas politicamente", disse.
Naquele horário, Mendonça de
Barros estava justamente reunido
com FHC e um grupo de empresários no Palácio da Alvorada. Ligado ao PSDB, o ex-ministro era considerado certo no Ministério da
Produção antes do episódio do
grampo no BNDES.
Para o presidente do PFL, o Ministério da Produção embute dois
outros problemas: "Em época de
ajuste fiscal, não se cria ministério,
extingue-se. Além disso, não se
cria uma pasta para uma pessoa,
como estava sendo feito".
Bornhausen insiste em que a
idéia anunciada por FHC só teria
sentido se abrangesse também o
Ministério da Agricultura. "Para
não virar um MICT (Ministério da
Indústria, do Comércio e do Turismo) ampliado e só", disse.
O deputado Saulo Queiroz (PFL-MS), a seu lado, defendeu mecanismos específicos para estimular
a produção: "Essa política monetarista vai acabar com as empresas,
com os empregos".
Bornhausen aproveitou para elogiar o ministro Pedro Malan (Fazenda): "É um ministro sério. É
uma sorte o Brasil ter um ministro
como o Malan numa hora dessas".
O PFL já rejeitou a possibilidade
de o vice-presidente Marco Maciel
vir a ser ministro da Defesa. A pasta não se encaixa nos planos políticos do partido.
O que o partido quer é o futuro
Ministério do Desenvolvimento
Urbano, a ser criado no ano que
vem, com o controle da CEF (Caixa
Econômica Federal).
Outra crítica às mudanças em estudo no governo sobre o formato
da Esplanada tem como alvo a possível transferência dos programas
de irrigação do Ministério do Meio
Ambiente, comandado pelo PFL.
Segundo Bornhausen, um empresário português decidiu investir em torno de US$ 100 milhões na
produção de feijão na Argentina
em 99. "E sabem por que ele optou
pela Argentina, não pelo Brasil?
Porque lá não tem MST", disse.
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