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Ministro barra mudança gerencial
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma reforma ministerial mais
profunda, com mudanças no gerenciamento do governo, empaca
em José Dirceu (Casa Civil). Segundo a Folha apurou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
avalia que é a Casa Civil o principal foco dos problemas de gerenciamento do governo.
Lula está muito satisfeito com o
desempenho de Dirceu na articulação política, mas crê que faltam
pernas ao ministro para tocar simultaneamente a coordenação de
governo. Dirceu, por sua vez, insiste em continuar com a coordenação de governo na mão.
Foi por isso que nasceu a idéia
de nomear um ministro que o auxiliasse na coordenação política.
Dois nomes foram cogitados, o líder do governo na Câmara, Aldo
Rebelo (PC do B-SP), e o deputado federal Paulo Rocha (PT-PA).
Detalhe: Lula acha o movimento desnecessário. O problema, a
seu juízo, não é político. Pelo acúmulo de tarefas, Dirceu não desempenha a contento a coordenação de governo.
O próprio Dirceu manifesta o
desejo de fazer uma reforma administrativa na Casa Civil, trocando auxiliares do segundo escalão
que não teriam experiência na burocracia federal. Na virada de governo, houve a substituição de diversos funcionários experientes
da Presidência, piorando o desempenho administrativo.
Isso gera um efeito cascata na
administração, afetando áreas nas
quais o gerenciamento também
vai mal na avaliação do governo.
A principal delas é a área social,
que Lula julga necessário aperfeiçoar. Insatisfeito com Benedita da
Silva (Assistência Social), ele avalia a hipótese de fundir essa pasta
com a de José Graziano (Segurança Alimentar e Combate à Fome).
Na opinião de Lula e de seus
principais ministros, Graziano
superou os problemas do início
de 2003 e fez decolar o Fome Zero.
Se acontecer a fusão, não será por
insatisfação de Lula com Graziano, mas por racionalidade administrativa.
A cúpula do governo gostaria de
ter sob a coordenação de um único ministério os dois principais
programas sociais do governo, o
Bolsa-Família e o Fome Zero, este
último bandeira de campanha e
vitrine do governo no exterior.
Caciques do PT defendem que o
governo dê um "chacoalhada" gerencial em algumas pastas sob
controle do partido, especialmente Cidades, chefiada por Olívio
Dutra, e Educação, comandada
por Cristovam Buarque.
Olívio deverá sobreviver à reforma ministerial porque o PT se
empenhou para manter a pasta
em um ano eleitoral. Candidatos a
prefeito sonham com as verbas de
Olívio para saneamento básico.
Cristovam também deverá permanecer no cargo, apesar de ter
irritado muito Lula em 2003 ao reclamar de falta de verbas. Para a
cúpula do PT e do governo, Cristovam deveria promover mudanças no segundo escalão, para dar
maior eficiência ao ministério.
Na lista de ministérios tidos como fracos gerencialmente estão
ainda Ciência e Tecnologia e
Transportes.
Também se esperava do Planejamento um melhor desempenho
para auxiliar a Casa Civil a cobrar
resultados das demais pastas.
Guido Mantega, titular do Planejamento, deverá ficar no posto
graças ao apoio de Antonio Palocci Filho (Fazenda).
O ministro da Fazenda e a cúpula do PT e do governo bancaram
Mantega pelo temor de entregar o
Planejamento, posto considerado
estratégico, a Ciro Gomes (Integração Nacional). Cogitou-se um
remanejamento de Ciro para dar
a Integração Nacional ao PMDB.
Mas Lula ainda insiste em oferecer ao partido Comunicações e
Previdência.
(KENNEDY ALENCAR)
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