São Paulo, domingo, 11 de janeiro de 2004

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Ministro barra mudança gerencial

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma reforma ministerial mais profunda, com mudanças no gerenciamento do governo, empaca em José Dirceu (Casa Civil). Segundo a Folha apurou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que é a Casa Civil o principal foco dos problemas de gerenciamento do governo.
Lula está muito satisfeito com o desempenho de Dirceu na articulação política, mas crê que faltam pernas ao ministro para tocar simultaneamente a coordenação de governo. Dirceu, por sua vez, insiste em continuar com a coordenação de governo na mão.
Foi por isso que nasceu a idéia de nomear um ministro que o auxiliasse na coordenação política. Dois nomes foram cogitados, o líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), e o deputado federal Paulo Rocha (PT-PA).
Detalhe: Lula acha o movimento desnecessário. O problema, a seu juízo, não é político. Pelo acúmulo de tarefas, Dirceu não desempenha a contento a coordenação de governo.
O próprio Dirceu manifesta o desejo de fazer uma reforma administrativa na Casa Civil, trocando auxiliares do segundo escalão que não teriam experiência na burocracia federal. Na virada de governo, houve a substituição de diversos funcionários experientes da Presidência, piorando o desempenho administrativo.
Isso gera um efeito cascata na administração, afetando áreas nas quais o gerenciamento também vai mal na avaliação do governo.
A principal delas é a área social, que Lula julga necessário aperfeiçoar. Insatisfeito com Benedita da Silva (Assistência Social), ele avalia a hipótese de fundir essa pasta com a de José Graziano (Segurança Alimentar e Combate à Fome).
Na opinião de Lula e de seus principais ministros, Graziano superou os problemas do início de 2003 e fez decolar o Fome Zero. Se acontecer a fusão, não será por insatisfação de Lula com Graziano, mas por racionalidade administrativa.
A cúpula do governo gostaria de ter sob a coordenação de um único ministério os dois principais programas sociais do governo, o Bolsa-Família e o Fome Zero, este último bandeira de campanha e vitrine do governo no exterior.
Caciques do PT defendem que o governo dê um "chacoalhada" gerencial em algumas pastas sob controle do partido, especialmente Cidades, chefiada por Olívio Dutra, e Educação, comandada por Cristovam Buarque.
Olívio deverá sobreviver à reforma ministerial porque o PT se empenhou para manter a pasta em um ano eleitoral. Candidatos a prefeito sonham com as verbas de Olívio para saneamento básico.
Cristovam também deverá permanecer no cargo, apesar de ter irritado muito Lula em 2003 ao reclamar de falta de verbas. Para a cúpula do PT e do governo, Cristovam deveria promover mudanças no segundo escalão, para dar maior eficiência ao ministério.
Na lista de ministérios tidos como fracos gerencialmente estão ainda Ciência e Tecnologia e Transportes.
Também se esperava do Planejamento um melhor desempenho para auxiliar a Casa Civil a cobrar resultados das demais pastas. Guido Mantega, titular do Planejamento, deverá ficar no posto graças ao apoio de Antonio Palocci Filho (Fazenda).
O ministro da Fazenda e a cúpula do PT e do governo bancaram Mantega pelo temor de entregar o Planejamento, posto considerado estratégico, a Ciro Gomes (Integração Nacional). Cogitou-se um remanejamento de Ciro para dar a Integração Nacional ao PMDB. Mas Lula ainda insiste em oferecer ao partido Comunicações e Previdência. (KENNEDY ALENCAR)


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