|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CASO SANTO ANDRÉ
Gomes da Silva nega ter disparado arma após sequestro de Daniel, mas 4 pessoas acusam pelo menos um tiro
Novas testemunhas contradizem empresário
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
Com seus nomes mantidos sob
total sigilo, quatro testemunhas
que estavam num mesmo carro
no dia do sequestro de Celso Daniel, em 18 de janeiro de 2002,
apresentaram ao Ministério Público de São Paulo uma versão na
qual fica indicado que o empresário Sérgio Gomes da Silva efetuou
pelo menos um disparo de revólver minutos após a ação da quadrilha -o que é negado pelo amigo do prefeito de Santo André.
A versão de uma outra testemunha, cuja voz foi gravada pelo 190
da Polícia Militar, já havia trazido
contradições aos relatos de Gomes da Silva.
Na denúncia dos promotores de
Santo André, Gomes da Silva é
acusado de ter contratado uma
quadrilha e forjado o sequestro de
Daniel -efetuando disparos com
o objetivo de simular uma ação
violenta dos sequestradores. Gomes da Silva e Daniel, encontrado
morto a tiros dois dias depois, estavam juntos numa Pajero.
Com a morte do prefeito petista,
o empresário, que está preso há
um mês numa cadeia pública de
Juquitiba (SP), poderia manter
um suposto esquema de corrupção na Prefeitura de Santo André,
de acordo com os promotores.
A Agência Folha apurou que as
testemunhas se dividiram em duplas para prestar depoimento, dados aos promotores em setembro
e nunca revelados. Uma delas,
que diz estar disposta a depor à
Justiça, caso seja convocada, falou
anteontem à reportagem.
Trafegando no sentido Santo
André-São Paulo (a Pajero vinha
no sentido contrário), a testemunha afirma ter ouvido um disparo
de revólver no momento em que
já estava na rua Antonio Bezerra
(zona sul de SP), onde o prefeito
foi retirado do carro pelos sequestradores.
Cerca de 20 segundos depois, se
deparou com a Pajero parada no
meio da rua. Ao lado do carro, havia apenas um homem [que, em
depoimento, foi apontado por
elas como sendo Gomes da Silva].
O trajeto da rua é repleto de subidas e descidas.
"Ouvi o tiro e após alguns segundos passamos ao lado da Pajero. Ela estava estacionada no meio
da rua. O Sérgio estava muito nervoso, andava de um lado para o
outro e apontava o revólver para
todos os lados, inclusive para o
nosso carro", disse a testemunha
à Agência Folha.
Pajero isolada
Os ocupantes do carro disseram
aos promotores não terem visto
nenhum carro em fuga, que poderia ser dos sequestradores, e sim
apenas a Pajero isolada na rua.
Imediatamente após cruzarem
com Gomes da Silva, uma das testemunhas do carro telefonou
duas vezes de seu telefone celular
para o serviço de urgência da PM.
A primeira ligação não completou. Na segunda, relatou o que havia visto e ouvido, sendo informada de que policiais já estavam se
dirigindo ao local.
Conforme a Folha revelou no
início de dezembro, outra testemunha, que mora nas proximidades do local do sequestro, telefonou ao 190 da PM minutos após a
ação da quadrilha e declarou ter
visto uma Pajero abandonada na
rua e um único homem, ao lado
do carro, com um revólver na
mão. Durante o diálogo, dois disparos foram ouvidos e gravados
pela PM. O homem com a arma
foi identificado pela testemunha
como sendo Gomes da Silva.
A pistola 380 que estava com
Gomes da Silva foi apreendida.
Uma perícia policial revelou vestígios de disparos recentes -o que
engloba até dias anteriores. No local do sequestro, foi encontrado
um cartucho de uma 9 mm.
Texto Anterior: Novos dirigentes vão administrar R$ 70 bi Próximo Texto: Outro lado: Advogado vê depoimentos "com reserva" Índice
|