São Paulo, domingo, 11 de janeiro de 2004

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QUESTÃO INDÍGENA

Caminhões já chegam a Boa Vista para abastecer os postos e mercados com combustível e alimentos

Ação contra demarcação é desmobilizada

MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BOA VISTA

O Movimento Pró-Roraima, que reúne os manifestantes contrários à criação da reserva indígena Raposa/Serra do Sol em área contínua, anunciou sua desmobilização e disse que não voltará a bloquear as rodovias do Estado.
Ontem, caminhões puderam chegar a Boa Vista para abastecer os postos e mercados com combustível e alimentos -que, após quatro dias de bloqueios, já estavam quase esgotados.
Em nota divulgada na noite de anteontem, depois de o Ministério da Justiça anunciar que manterá a homologação contínua da reserva, o movimento disse que, apesar de derrotado, chegou ao seu "momento de trégua".
Os protestos haviam começado na terça-feira. Fazendeiros e índios contrários à homologação da reserva bloquearam as rodovias que dão acesso à capital e invadiram os prédios do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e da Funai (Fundação Nacional do Índio).
No fim da tarde de ontem, a Polícia Federal conseguiu negociar a saída de um grupo de cerca de cem índios da sede regional da Funai. Eles aceitaram sair do prédio, mas devem continuar acampados na calçada. A Justiça Federal concedeu uma liminar ordenando a desocupação.
Eles defendiam que a reserva indígena não fosse criada de forma contínua (o que incluiria em seus limites plantações, vilas e cidades), para que assim a população não-índia não precisasse ser retirada. Os índios alegavam que não queriam ficar mais isolados.
Parte dos índios -principalmente os ligados ao CIR (Conselho Indígena de Roraima), apoiado pela Igreja Católica- aprova a proposta de homologação e foi contrária aos protestos.
As rodovias começaram a ser desbloqueadas no início da tarde de anteontem, após acordo entre os manifestantes e o governo. Os manifestantes aceitaram liberar as vias para esperar o resultado da reunião, no mesmo dia, entre o governador de Roraima, Flamarion Portela, o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Portela defende a mesma posição dos manifestantes.O ministro não cedeu aos apelos do governador, mas disse que irá criar um comitê para discutir a retirada dos não-índios da área. O Movimento Pró-Roraima anunciou que irá entrar no STF (Supremo Tribunal Federal) com uma ação pedindo a nulidade da homologação.



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