São Paulo, domingo, 11 de janeiro de 2004

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CAMPO MINADO

Rainha diz que reforma virá "com facão"

DA AGÊNCIA FOLHA

DO FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE

O líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) no Pontal do Paranapanema (SP) José Rainha Jr. disse ontem que a reforma agrária no país não será feita por meio de decreto, e sim "com facão". Ele defendeu a invasão de terras.
"[A reforma agrária] não vai vir simplesmente por meio de decreto. Ela não vai vir com mudanças simples. (...) Ela vai vir com luta, com força, com facão", disse.
O líder do MST discursava em um assentamento no sul da Bahia (região de Itabuna, a 449 km de Salvador). As declarações foram divulgadas pela TV Globo.
Rainha Jr. aguarda em liberdade o fim do processo no qual foi condenado, em primeira instância, por porte ilegal de arma.
No dia 12 de novembro, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) acolheu uma reclamação do líder do MST contra o decreto de prisão expedido pelo juiz de Teodoro Sampaio (SP), Atis de Araújo Oliveira.

Invasão
Cerca de 300 famílias ligadas ao MST invadiram no início da madrugada de ontem área da Prefeitura de Sandovalina (624 km a oeste de SP), no Pontal do Paranapanema.
Os sem-terra se deslocaram da fazenda Santa Felicidade, também no município, onde estavam acampados havia 130 dias, devido a um acordo feito com o proprietário do imóvel.
Segundo Valmir Sebastião, coordenador do movimento, a meta é reunir no local entre 600 e 800 famílias, atraindo pessoas de outros acampamentos. Ele afirmou ainda que as pessoas vão permanecer na área até o assentamento das famílias.
O prefeito Divaldo Pereira de Oliveira (PMDB) disse que pedirá a reintegração de posse da área. Também solicitará auxílio do governo do Estado no envio de remédios para atender às famílias.
Em julho do ano passado, ele paralisou por dois dias o atendimento de vários setores da prefeitura, mantendo apenas as emergências de saúde, em protesto contra o atraso no repasse dos medicamentos. A medida resultou numa ação de responsabilidade movida pelo Estado.
Oliveira não descartou uma nova paralisação. "Não temos condições ou estrutura para atender esse pessoal", disse.


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