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Campanha de igrejas faz crítica à política econômica de Lula
Evento da CNBB, que terá outras igrejas além da Católica, ataca desde a crescente dívida interna do país até o PAC
Objetivo é fazer com que a população reflita sobre o que está dando certo e errado na economia e cobre os políticos nas eleições, afirma Conic
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Campanha da Fraternidade de 2010 levará para cerca de
50 mil comunidades cristãs
discussões sobre economia. O
texto-base do evento, que começa na quarta-feira, critica a
crescente dívida interna do
país, as altas taxas de juros, a
elevada carga tributária, o sistema financeiro internacional
e até mesmo o PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento), vitrine de Lula.
Realizada pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil) desde 1964, a campanha deste ano reunirá, além da
Igreja Católica, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana
no Brasil, a Igreja Episcopal
Anglicana do Brasil, a Igreja
Presbiteriana Unida do Brasil e
a Igreja Sírian Ortodoxa de Antioquia. Elas integram o Conic
(Conselho Nacional das Igrejas
Cristãs do Brasil), o organizador do evento em 2010.
Será a terceira vez que a campanha terá caráter ecumênico,
repetindo 2000 e 2005.
Com textos e gráficos, o material do evento propõe a conscientização sobre alguns temas
econômicos que são pouco conhecidos por grande parte da
população. Em relação à dívida
interna, por exemplo, o manual
da campanha diz: "Apesar de os
gastos com juros e amortizações da dívida pública consumirem mais de 30% dos recursos orçamentários do país, essas dívidas não param de crescer. A dívida interna alcançou a
gigantesca cifra de R$ 1,6 trilhão em dezembro de 2008,
tendo apresentado crescimento acelerado nos últimos anos".
Segundo o texto, a dívida inviabiliza a aplicação de recursos na área social. Uma das tabelas do material mostra a elevação da dívida nos governos de
FHC (1995-2002) e de Lula.
O documento cita o PAC ao
atacar a má distribuição de renda: "O crescimento do PIB, expresso em médias nacionais,
não é sinônimo de boa distribuição dos recursos entre os diversos grupos sociais. Os pobres continuam lesados nos
seus direitos. O PAC é o exemplo mais recente no Brasil".
O secretário-geral do Conic e
reverendo da Igreja Anglicana,
Luiz Alberto Barbosa, diz que a
meta do evento é fazer com que
as comunidades reflitam sobre
o que está dando certo e errado
na economia do país, e possam
cobrar mudanças dos políticos
nas eleições.
"Escutamos o discurso oficial de que o país caminha para
ser a quinta economia do mundo. Mas é preciso perguntar: "Se
o cenário é tão bom, onde estão
os recursos?" Ainda temos quase 40 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza e não há
trabalho e saúde para todos."
O frade dominicano Carlos
Josaphat, um dos principais intelectuais da Igreja Católica,
diz que um dos objetivos do
evento é fazer com que os cristãos deixem de ser omissos em
relação a práticas econômicas
socialmente injustas.
A campanha defende ainda a
realização de um plebiscito sobre a limitação do tamanho das
propriedades rurais do país.
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