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Serra recorre a decretos para governar sem a Assembléia
Governador já usou expediente 152 vezes e enviou só um projeto à votação na Casa
Oposição no Legislativo contesta método e diz que deveria ser consultada sobre medidas financeiras e de organização administrativa
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos primeiros meses de sua
gestão em São Paulo, o tucano
José Serra governou o Estado à
base de 152 decretos, sendo 86
deles de caráter administrativo
e contestados pela oposição na
Assembléia Legislativa.
Em contrapartida, Serra enviou apenas um projeto para a
Casa, que verá os deputados
eleitos no ano passado tomarem posse na próxima quinta-feira. O texto, que altera regras
para as licitações, não contou
com pedido de urgência.
O atual governador também
foi amparado por outros 21 decretos de seu antecessor, Cláudio Lembo (PD, antigo PFL),
todos publicados em dezembro
do ano passado, com a equipe
de Serra já instalada no Palácio
dos Bandeirantes.
A título de comparação, Geraldo Alckmin (PSDB) baixou
129 decretos nos dois primeiros
meses de 2003, sendo que só 36
eram referentes à organização
administrativa -mudanças na
estrutura do governo.
Entre os decretos administrativos de Serra estão a organização das secretarias de Comunicação, Esporte, Gestão Pública, Relações Institucionais e de
Ensino Superior (veja quadro
nesta página).
A bancada petista pediu uma
avaliação de seu departamento
jurídico sobre a possibilidade
de entrar com uma ação na Justiça questionando algumas das
medidas de Serra.
Para a oposição, o tema deveria, no mínimo, ter sido discutido com o Legislativo. "São
questões que mudam a configuração do Executivo e que poderiam ter sido tema de um diálogo com a Casa", diz o deputado Mário Reali (PT).
O secretário da Casa Civil de
Serra, Aloysio Nunes Ferreira,
diz que todas as medidas estão
escoradas na lei e que o governo
respeita o Legislativo.
"O apreço pela Assembléia
não se mede pelo tanto de projetos que a gente manda", diz
ele (leia texto nesta página).
Outro ponto de descontentamento da oposição diz respeito
a 15 decretos de ordem tributária e orçamentária. "São coisas
delicadas e que não podem ser
feitas sem muito diálogo", afirma o petista Reali.
Segundo a Folha apurou, entre os motivos do governo para
não enviar muitos projetos para o Legislativo estão a demora
na aprovação do Orçamento
deste ano, concluída apenas no
final do mês passado, e o receio
de que os deputados que não se
reelegeram pudessem utilizar
as negociações com o Executivo para "barganhar" vantagens.
A Assembléia passou por
uma renovação de aproximadamente 40%. A aliança que
elegeu Serra (PSDB, PTB e
PPS) foi a grande vitoriosa.
Apesar de o cenário a partir
de quinta se mostrar mais favorável, Serra herdou de Alckmin
e de Lembo um Legislativo no
qual a base governista sempre
teve folgada maioria.
"Não há motivos para o Legislativo ser relegado a um segundo plano", afirma Reali.
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