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Barros e Ferraz continuam presos
do enviado especial a Miami
Algemados um ao outro pelos
pés e pelas mãos, vestidos num
uniforme de cor laranja, Oscar de
Barros e José Maria Teixeira Ferraz compareceram ontem, pela
segunda vez desde que foram presos no dia 26 de março passado,
ao Tribunal Federal Criminal de
Miami (EUA).
Acompanhados de seus advogados, eles não pagaram a fiança
que havia sido estipulada pelo juiz
em US$ 100 mil para cada um.
Continuam presos.
Ambos foram detidos sob a
acusação de terem lavado mais de
US$ 500 mil que seriam usados
para o tráfico de cocaína nos Estados Unidos.
Esse é o único processo e a única
acusação que existe no momento
contra José Maria Teixeira Ferraz,
44 anos, diretor de uma empresas
de telemarketing em Miami, amigo de Barros e com um passado
ainda nebuloso.
Já Oscar de Barros, 54 anos, estatura mediana, rosto redondo,
que apareceu ontem visivelmente
abatido, com a barba por fazer e
bigode cheio, é hoje o epicentro
de pelo menos duas investigações
em andamento e um grande mistério.
Dossiê
As duas investigações são a que
o levou à cadeia e a sua ligação
com o episódio da MetroRed em
São Paulo.
O grande mistério é sua participação no Dossiê Caribe, um conjunto de papéis sem autenticação
insinuando uma associação no
exterior entre o presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de São Paulo, Mário Covas, o ministro da Saúde, José Serra, e Sérgio Motta, que foi ministro das Comunicações e morreu
em abril de 1998.
É o nome da empresa de Barros,
a Overland Advisory Services, que
consta de um dos principais documentos do dossiê (a maior parte desses documentos foi publicada com exclusividade pela Folha
em 1998).
A profissão de Barros é simples.
Ele abre empresas em paraísos
fiscais, assessora pessoas a transferir dinheiro de um país para outro e procura oportunidades de
negócios aonde elas estejam.
Frequentador das colunas sociais dos jornais da comunidade
brasileira em Miami, Barros mora
num apartamento estimado em
US$ 500 mil na Avenida Brickell,
no centro de Miami.
Suas ligações com políticos são
notórias. Ele é amigo e já ofereceu
um jantar ao ex-presidente Fernando Collor de Mello, que renunciou em 1992.
Além disso, já declarou ter assessorado o deputado federal Luiz
Fernando Sarmento Nicolau
(PBB-AM). As investigações do
FBI em Nova York mostram que
as relações de Barros podem ser
ainda mais amplas.
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