São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 2000


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Barros e Ferraz continuam presos

do enviado especial a Miami


Algemados um ao outro pelos pés e pelas mãos, vestidos num uniforme de cor laranja, Oscar de Barros e José Maria Teixeira Ferraz compareceram ontem, pela segunda vez desde que foram presos no dia 26 de março passado, ao Tribunal Federal Criminal de Miami (EUA).
Acompanhados de seus advogados, eles não pagaram a fiança que havia sido estipulada pelo juiz em US$ 100 mil para cada um. Continuam presos.
Ambos foram detidos sob a acusação de terem lavado mais de US$ 500 mil que seriam usados para o tráfico de cocaína nos Estados Unidos.
Esse é o único processo e a única acusação que existe no momento contra José Maria Teixeira Ferraz, 44 anos, diretor de uma empresas de telemarketing em Miami, amigo de Barros e com um passado ainda nebuloso.
Já Oscar de Barros, 54 anos, estatura mediana, rosto redondo, que apareceu ontem visivelmente abatido, com a barba por fazer e bigode cheio, é hoje o epicentro de pelo menos duas investigações em andamento e um grande mistério.

Dossiê
As duas investigações são a que o levou à cadeia e a sua ligação com o episódio da MetroRed em São Paulo.
O grande mistério é sua participação no Dossiê Caribe, um conjunto de papéis sem autenticação insinuando uma associação no exterior entre o presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de São Paulo, Mário Covas, o ministro da Saúde, José Serra, e Sérgio Motta, que foi ministro das Comunicações e morreu em abril de 1998.
É o nome da empresa de Barros, a Overland Advisory Services, que consta de um dos principais documentos do dossiê (a maior parte desses documentos foi publicada com exclusividade pela Folha em 1998).
A profissão de Barros é simples. Ele abre empresas em paraísos fiscais, assessora pessoas a transferir dinheiro de um país para outro e procura oportunidades de negócios aonde elas estejam.
Frequentador das colunas sociais dos jornais da comunidade brasileira em Miami, Barros mora num apartamento estimado em US$ 500 mil na Avenida Brickell, no centro de Miami.
Suas ligações com políticos são notórias. Ele é amigo e já ofereceu um jantar ao ex-presidente Fernando Collor de Mello, que renunciou em 1992.
Além disso, já declarou ter assessorado o deputado federal Luiz Fernando Sarmento Nicolau (PBB-AM). As investigações do FBI em Nova York mostram que as relações de Barros podem ser ainda mais amplas.


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