São Paulo, quinta-feira, 11 de abril de 2002

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JANIO DE FREITAS

Disputa de inquietações

A diferença de motivos não se mostra suficiente para impedir que angústias muito semelhantes estejam acometendo, mais acentuadamente desde ontem, as cúpulas dos partidos de José Serra e de Roseana Sarney.
A Presidência e o PSDB extraíram do Datafolha muitas inquietações e mesmo pessimismo. A pesquisa foi feita no dia imediato (terça-feira) ao programa de TV de Luiz Inácio Lula da Silva, não colhendo senão os efeitos mais imediatos desse programa, que pareceu eleitoralmente bem realizado. Não pôde incluir, também, os efeitos do programa de TV com as tão esperadas explicações de Roseana Sarney, o qual foi transmitido na noite da terça-feira pesquisada.
Sem refletir a nova realidade dos dois candidatos que acabavam de viver fatos influentes na opinião pública, em relação a José Serra a pesquisa captava os efeitos do seu desempenho em quase um mês, quatro semanas exatas (12 de março a 9 de abril), de campanha aberta. E, onde estava, Serra continuou. Foi como se não decorresse nem um só dia desde que Serra, em seguida ao tranco policial em Roseana Sarney, subiu de 12 para 19%.
O alívio que esse salto dera à cúpula do PSDB cedeu, agora, à volta da idéia de que Serra tem dificuldade excessiva para subir, seja de modo a aguentar possíveis assédios ainda no primeiro turno, seja para evitar a derrota no segundo. O retorno dessa opinião foi acentuado pela indicação, na pesquisa, de que a tendência atual é a vitória de Lula sobre Serra no segundo turno.
Tudo isso reavivou na Presidência e na cúpula peessedebista o receio, que já não era pequeno, de entendimento entre o PFL e a candidatura de Ciro Gomes. A tese de retirada mútua de Serra e Roseana volta a frequentar as considerações de peessedebistas. O que representaria problema complicado no PSDB, mas no PFL a situação de Roseana Sarney se tornou muito frágil nas últimas 72 horas.
A nomeação de Jorge Murad para secretário do novo governo maranhense causou grave indignação no comando pefelista, à qual não falta o eco na opinião pública. Mas a relação dos apontados como doadores do R$ 1,34 milhão, tão pouco convincente depois de tamanha demora, levou para muito perto da exaustão a boa vontade da cúpula pefelista com Roseana e seus problemas. E é nesse ponto quase extremo que o PFL aguarda a repercussão do programa explicativo de Roseana Sarney, embora nem isso possa ser visto como capaz de dissolver o mal-estar.


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