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Lula quer variação de superávit de acordo com o PIB a partir de 2005
GUSTAVO PATÚ
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo Luiz Inácio Lula da
Silva pretende manter até 2006 a
atual meta para o aperto fiscal
-um superávit de 4,25% do PIB,
excluindo o gasto com juros. Mas
propõe que, a partir de 2005, as
metas para as contas públicas sejam abrandadas em momentos de
estagnação econômica, ocorrendo o inverso quando o crescimento superar as expectativas.
As propostas, apresentadas ontem pelo líder do governo no
Congresso, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), e pelo ministro
Guido Mantega (Planejamento),
serão introduzidas pelo projeto
da Lei de Diretrizes Orçamentárias, que ficará pronto neste mês
definindo regras para o Orçamento de 2004 e indicativos para os
anos seguintes.
A permanência da intensidade
do aperto fiscal -o nível atual é
recorde desde o lançamento do
Plano Real, em 94- era, de certa
forma, esperada. A inovação é o
mecanismo de vincular os superávits à variação do Produto Interno Bruto dentro de dois anos.
Espera-se que, até lá, o país esteja livre da tutela do Fundo Monetário Internacional já que o acordo atual acabaria neste ano. Mas,
como não se pode tomar isso como certeza, a idéia será apresentada já ao organismo pelo ministro
Antonio Palocci Filho (Fazenda),
para o início das discussões. "Discutimos essa proposta há meses e
só não a apresentamos antes porque precisávamos reverter a crise
de confiança no país", disse Mercadante, ao explicar o que espera
ser um "novo paradigma" para a
política fiscal e, possivelmente,
nas relações com o FMI.
Na prática, o mecanismo funcionará da seguinte forma: o governo fixará metas de crescimento econômico e de resultado fiscal. Caso o crescimento econômico seja maior, o superávit também sobe. Se o crescimento for
menor, o superávit será reduzido.
Se, por exemplo, o crescimento
em 2005 superar os 4% projetados, o superávit daquele ano ficará acima de 4,25% do PIB. A diferença seria compensada na meta
fiscal do ano seguinte por meio do
aumento de gastos públicos.
A idéia não é propriamente nova. É inspirada no que se chama
de keynesianismo -referência
ao pensamento do inglês John
Maynard Keynes, que revolucionou a teoria econômica no século
passado ao defender a expansão
do gasto público como mecanismo de superação de recessões.
Países como Chile, Espanha e
França, segundo Mercadante,
adotam princípios semelhantes
ao do "superávit anticíclico [por
ter o efeito de compensar um ciclo
econômico adverso]".
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