São Paulo, domingo, 11 de abril de 2004

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PT X PT

Deputado da esquerda do partido rebate crítica de ministro

Petista diz que resposta de Palocci mostra a fragilidade do governo

VIRGILIO ABRANCHES
DA REDAÇÃO

A declaração do ministro Antonio Palocci (Fazenda) de que a crítica da esquerda do PT à área econômica é "infantil" mostra a fragilidade do governo federal. Foi o que disse anteontem à Folha o deputado federal Ivan Valente (PT-SP), um dos principais articuladores do movimento interno da sigla que elaborou um documento com propostas para mudanças na política econômica.
"A resposta que ele [Palocci] deu ao documento, que, aliás, ele não deve nem ter lido, mostra que o governo está frágil e refém do mercado", afirmou o deputado. "Eles [membros do governo] sempre vão dizer que nada vai mudar porque querem agradar, são reféns das chantagens do mercado", completou.
Valente e outros sete deputados apresentaram, na última quarta-feira, um documento-síntese do seminário "Queremos um outro Brasil".
Realizado no mês passado em São Paulo, o evento reuniu cerca de 800 pessoas, entre parlamentares e militantes do PT, além de intelectuais. A tônica do evento foi de duras críticas à equipe econômica e à política ortodoxa adotada por Luiz Inácio Lula da Silva. Do encontro, saiu o documento que lista uma série de propostas concretas que, se, hipoteticamente, fossem incorporadas pelo governo Lula, representariam uma guinada completa nas políticas monetária e fiscal hoje vigentes.
Entre as medidas sugeridas pelos parlamentares petistas estão a redução da taxa de juros e a flexibilização das metas de inflação (atualmente em 5,5% ao ano).
No dia seguinte à apresentação do documento pelos deputados, Antonio Palocci disse que a proposta é "um equívoco lamentável" e um "erro bastante infantil".

"Contaminação"
Para Ivan Valente, o ministro da Fazenda incorporou "dogmas neoliberais que o contaminaram até a medula". "Eu nunca vi darem ao FMI mais do que o fundo pediu. Só o Palocci fez essa loucura", afirmou o parlamentar ao se referir ao superávit primário -feito pelo governo no ano passado- maior que os 4,25% acordados com o Fundo Monetário Internacional.
Valente adiantou também que outros seminários, na mesma linha do já realizado, estão programados. O primeiro será no Rio de Janeiro, no começo do próximo mês. Os outros dois devem ocorrer em um Estado do Nordeste -ainda a ser escolhido- e no Paraná. As datas exatas ainda não foram definidas. "Vamos continuar combatendo essa política econômica", concluiu Valente.


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