São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Aliados demonstram preocupação com a queda do pré-candidato na pesquisa Datafolha e cobram mais agilidade e articulação do tucano

PFL cobra Alckmin, que preocupa PSDB

DA REPORTAGEM LOCAL
DA COLUNISTA DA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA


Preocupado com a queda de Geraldo Alckmin na última pesquisa Datafolha, o PSDB decidiu investir na imagem de seu candidato à Presidência, com a fixação de uma política de comunicação capaz de mantê-lo em cena. Para dar tempero ao "chuchu", os tucanos vão recorrer ao jornalista Luiz Gonzalez, responsável pelas campanhas do partido no Estado.
Procurado ontem pelo comando do PSDB, Gonzalez está fora do país. Mas a necessidade de uma estratégia para criação de fatos políticos seria objeto de uma reunião à noite em Brasília.
O comando de campanha também pretende fixar uma agenda de viagens para os próximos 30 dias, priorizando os Estados nordestinos onde disponha de palanques consistentes. "Alckmin estava voltado para dentro do PSDB. Agora, deve ir para o eleitorado", disse o coordenador da campanha, senador Sérgio Guerra (PE).
O presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), se encontra hoje com Alckmin e com o especialista em pesquisas Antonio Lavareda, para avaliar o cenário eleitoral.
A pesquisa estremeceu a "tríplice aliança" que PSDB e PFL tentavam fechar com PMDB. O ex-governador Anthony Garotinho (PMDB) fortaleceu sua pré-candidatura, enquanto o PFL decidiu cobrar mais eficiência de Alckmin na definição do arco de alianças e na estruturação da campanha. "A pesquisa mostra que as providências não estão sendo tomadas na hora certa. O tempo está correndo, e o tempo é a favor do governo", reclamou o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que apoiou Alckmin desde o início.
Outros pefelistas reclamam da desarticulação de Alckmin com as bancadas do PSDB e do PFL e da demora para montar a equipe de campanha em Brasília. Parte da cúpula do partido avalia que Alckmin tem perdido tempo tentando atrair o PMDB, enquanto Garotinho ganha espaço.
O Datafolha aponta que a diferença entre Alckmin e Garotinho caiu de 11 para 5 pontos -20% contra 15%. O presidente Lula (PT) tem 40% das intenções. "[A pesquisa] Impõe rapidez para que ele possa sair da defesa para o ataque", afirmou o líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), um dos cotados para vice da chapa.
Embora admita o baque, o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), disse que é cedo para conclusões: "Não dá para esconder o Sol com a peneira, e a pesquisa foi ruim. Mas esta é uma eleição plebiscitária e o Serra tinha assumido a posição de anti-Lula, até pelo embate de 2002. Quando a população identificar no Alckmin o anti-Lula, ele vai crescer".
Para melhorar o trânsito com os parlamentares do PFL, Alckmin oficializou ontem, em Teresina, o nome do senador Heráclito Fortes (PFL-PI) para integrar a coordenação da campanha. Uma das preocupações de Alckmin é criar uma linha de frente no Congresso para defendê-lo das denúncias.
Para o presidente do PMDB, Michel Temer, a pesquisa "reforça a tese da candidatura própria e deu a Garotinho o argumento de que ele pode crescer e tem chance de vitória". Já o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que ele não une o partido: "A subida do Garotinho não muda nada. É aquele mesmo problema que vocês conhecem, a verticalização desestimula tanto a candidatura própria quanto as alianças". (CATIA SEABRA, ELIANE CANTANHÊDE e SILVIO NAVARRO)

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