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Grande maioria do Senado se diz contra terceiro mandato
65 senadores afirmam rejeitar mudança da Constituição para permitir nova reeleição
Por outro lado, 41 dos
ouvidos em enquete feita
pela Folha declaram apoiar
alteração de mandatos caso
nova regra valha após 2010
LUCAS FERRAZ
SIMONE IGLESIAS
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A maior parte do Senado Federal afirma rejeitar a proposta
de alterar a Constituição para
que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva possa disputar um
terceiro mandato consecutivo
em 2010. De 67 senadores que
opinaram, 65 são contra sob o
argumento de que a medida é
"golpe" e "casuísmo".
Apesar disso, a maioria ouvida pela Folha nesta semana,
60% do total, é a favor de acabar com a possibilidade de reeleição e ampliar os mandatos
-de quatro para cinco anos-,
desde que só valha após 2010.
Foram ouvidos 76 dos 81 senadores, sendo que 8 não quiseram se posicionar e 1-José
Maranhão (PMDB-PB)- se
declarou indefinido. Apenas
Wellington Salgado (PMDB-MG) e João Ribeiro (PR-TO)
defenderam mais uma reeleição para o petista. "Se a população quiser, por ampla maioria,
temos que acompanhar a sua
vontade", disse Ribeiro.
Pesquisa Datafolha publicada em dezembro mostrou que
65% dos ouvidos eram contra
uma re-reeleição para Lula. Para aprovar uma emenda constitucional no Senado, é necessário o apoio de três quintos da
Casa -49 dos 81 senadores.
A possibilidade de uma mudança nas regras constitucionais voltou a ganhar força na
semana passada após o vice-presidente, José Alencar, dizer
apoiar tal projeto. Com isso, o
deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), amigo de Lula, ressuscitou
a intenção de apresentar
emenda constitucional para
permitir mais de uma reeleição. Lula diz não apoiar a idéia,
mas a avaliação no Congresso é
a de que se ele se empenhar
pessoalmente na proposta, ela
seria aprovada sem grandes
problemas na Câmara. A maior
resistência estaria no Senado.
A Folha também ouviu presidentes de partidos e líderes
das principais bancadas da Câmara. Nenhum deles defendeu
o projeto de terceiro mandato.
Segundo a Secretaria Geral da
Mesa, tramitam na Câmara 39
propostas de emenda à Constituição que alteram as regras de
reeleição. No Senado são 13.
"Não podemos mudar a
Constituição para resolver problemas de "A", "B" ou "C". Se é
um excelente presidente, que
bom, parabéns para ele, que
volte daqui a quatro anos.
Transformar o Brasil na Venezuela é que não dá", diz a senadora Kátia Abreu (DEM-TO). "
"É possível consolidar um
projeto político, de duas décadas, sem alterar as regras", diz a
líder do PT no Senado, Ideli
Salvatti (SC), para quem é "ilógico" o partido se posicionar
pelo terceiro mandato, já que
foi contra, em 1997, a proposta
que permitiu a reeleição de
Fernando Henrique Cardoso.
Apesar do aparente repúdio
à idéia, alguns dos que se declaram contra afirmam que a idéia
não é descartada nos bastidores. "Lula está tão popular que
pode escolher até o candidato
da oposição", diz o deputado
Mario Negromonte (PP-BA).
Devanir Ribeiro não começou a recolher as 171 assinaturas necessárias para apresentar
seu projeto e afirma que ainda
está alterando o texto. Ele diz
que vem recebendo sugestões,
entre elas a de uniformizar todos os mandatos em cinco
anos, o que aumentaria o de deputados em um ano e diminuiria o dos senadores em três.
Em jantar com cerca de 10
petistas na noite de anteontem,
Devanir disse ter ouvido opinião para apresentar um outro
projeto, de plebiscito, para que
a população decida se Lula pode disputar novo mandato.
Ao mesmo tempo em que o
Senado aparenta rejeitar a
idéia de que Lula possa ficar 12
anos seguidos no poder, também quer acabar com a reeleição e ampliar os mandatos. Dos
63 senadores que opinaram, 41
apóiam a proposta, desde que
valha de 2010 em diante. Apenas 5 manifestaram que aqueles que estivessem na primeira
gestão poderiam disputar novo
mandato imediatamente; 22
senadores são contra.
Indagados sobre a possibilidade da população ser provocada em um plebiscito para se
manifestar sobre as mudanças,
apenas 15 senadores afirmaram ser favoráveis à idéia.
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