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Reitor da UnB se licencia; alunos mantêm invasão
Timothy Mulholland anuncia saída do cargo por 60 dias; estudantes querem vice fora
Reitor foi acusado pelo
Ministério Público Federal
de utilizar de forma ilegal
R$ 470 mil para decorar seu
apartamento funcional
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O reitor da Universidade de
Brasília, Timothy Mulholland,
anunciou seu afastamento
temporário do cargo ontem, dia
em que a invasão da reitoria
completou uma semana.
"Esta decisão foi tomada com
o objetivo de assegurar os princípios constitucionais da eficiência, publicidade, moralidade, impessoalidade, legalidade
e transparência na apuração
dos fatos a mim imputados",
disse o reitor, em nota.
Timothy e seu decano de administração, Erico Weidle, foram acusados pelo Ministério
Público Federal de utilizar de
forma ilegal e imoral R$ 470
mil para decoração do apartamento funcional então ocupado pelo reitor e R$ 72 mil para
compra de um carro para uso
de Timothy. Segundo o Ministério Público, o dinheiro deveria ter sido usado em pesquisa.
O reitor afirmou, também
por nota, que essa é uma oportunidade para se defender.
Com o afastamento, de 60 dias,
o comando da reitoria passou
ao vice-reitor, Edgar Mamiya, o
que não agradou aos alunos.
"A gente tem que acirrar a
mobilização para tirar o vice.
Temos que desconstruir essa
política de gestão", disse Fábio
Felix, um dos líderes na invasão. Os estudantes prometem
manter a invasão de todos os
andares da reitoria até, pelo
menos, segunda-feira, quando
haverá nova assembléia.
Para hoje eles prepararam a
paralisação das aulas e mobilização com o objetivo de pressionar a reunião do conselho
universitário, órgão máximo da
UnB. O conselho não pode
aprovar a saída definitiva do
reitor, mas pode abrir processo
administrativo interno, que pode culminar na demissão dele.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, considerou
acertada a decisão de Timothy
Mulholland de se afastar. "É
um gesto de distensionamento." Ele disse esperar agora
concessões da parte dos alunos.
Duas assembléias -uma de
professores e outra de servidores- decidiram ontem apoiar o
movimento dos alunos e pedir,
também, a saída do reitor e de
seu vice até que apuradas internamente as irregularidades.
Os servidores saíram da reunião determinados a conseguir
que água e luz da reitoria fossem religadas. Eles foram ao registro de água e devolveram-na
aos estudantes-invasores. Os
alunos continuavam sem luz
até o fechamento desta edição.
Decoração
Segundo a ação do Ministério
Público, a decoradora do apartamento funcional do reitor,
Cybele Barbosa, disse em depoimento que, em conversa
com Mulholland, ele teria lhe
dito das necessidades da família e que os móveis teriam de
ser duradouros. Isso desmonta
a versão do reitor, de que ele
não tinha participado da decoração. A informação foi publicada pelo jornal "O Globo".
Ainda segundo o Ministério
Público, "a despeito das aquisições não terem sido efetuadas
com recursos próprios, o requerido Timothy e sua esposa
efetuaram a escolha de diversos itens de decoração, como
quadros, tendo os mesmos solicitado a devolução de vários de
tais itens".
Colaborou ANGELA PINHO ,
da Sucursal de Brasília
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