São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Reitor da UnB se licencia; alunos mantêm invasão

Timothy Mulholland anuncia saída do cargo por 60 dias; estudantes querem vice fora

Reitor foi acusado pelo Ministério Público Federal de utilizar de forma ilegal R$ 470 mil para decorar seu apartamento funcional

JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O reitor da Universidade de Brasília, Timothy Mulholland, anunciou seu afastamento temporário do cargo ontem, dia em que a invasão da reitoria completou uma semana.
"Esta decisão foi tomada com o objetivo de assegurar os princípios constitucionais da eficiência, publicidade, moralidade, impessoalidade, legalidade e transparência na apuração dos fatos a mim imputados", disse o reitor, em nota.
Timothy e seu decano de administração, Erico Weidle, foram acusados pelo Ministério Público Federal de utilizar de forma ilegal e imoral R$ 470 mil para decoração do apartamento funcional então ocupado pelo reitor e R$ 72 mil para compra de um carro para uso de Timothy. Segundo o Ministério Público, o dinheiro deveria ter sido usado em pesquisa.
O reitor afirmou, também por nota, que essa é uma oportunidade para se defender. Com o afastamento, de 60 dias, o comando da reitoria passou ao vice-reitor, Edgar Mamiya, o que não agradou aos alunos.
"A gente tem que acirrar a mobilização para tirar o vice. Temos que desconstruir essa política de gestão", disse Fábio Felix, um dos líderes na invasão. Os estudantes prometem manter a invasão de todos os andares da reitoria até, pelo menos, segunda-feira, quando haverá nova assembléia.
Para hoje eles prepararam a paralisação das aulas e mobilização com o objetivo de pressionar a reunião do conselho universitário, órgão máximo da UnB. O conselho não pode aprovar a saída definitiva do reitor, mas pode abrir processo administrativo interno, que pode culminar na demissão dele.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, considerou acertada a decisão de Timothy Mulholland de se afastar. "É um gesto de distensionamento." Ele disse esperar agora concessões da parte dos alunos.
Duas assembléias -uma de professores e outra de servidores- decidiram ontem apoiar o movimento dos alunos e pedir, também, a saída do reitor e de seu vice até que apuradas internamente as irregularidades.
Os servidores saíram da reunião determinados a conseguir que água e luz da reitoria fossem religadas. Eles foram ao registro de água e devolveram-na aos estudantes-invasores. Os alunos continuavam sem luz até o fechamento desta edição.

Decoração
Segundo a ação do Ministério Público, a decoradora do apartamento funcional do reitor, Cybele Barbosa, disse em depoimento que, em conversa com Mulholland, ele teria lhe dito das necessidades da família e que os móveis teriam de ser duradouros. Isso desmonta a versão do reitor, de que ele não tinha participado da decoração. A informação foi publicada pelo jornal "O Globo".
Ainda segundo o Ministério Público, "a despeito das aquisições não terem sido efetuadas com recursos próprios, o requerido Timothy e sua esposa efetuaram a escolha de diversos itens de decoração, como quadros, tendo os mesmos solicitado a devolução de vários de tais itens".


Colaborou ANGELA PINHO , da Sucursal de Brasília


Texto Anterior: Cartão da Unifesp foi usado em free shop no exterior
Próximo Texto: Cabral elogia Serra após PMDB cortejar Aécio
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.