|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Educação melhorou um pouco, mas continua ruim
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
José Serra mal iniciava o segundo mês à frente do governo
paulista quando a divulgação
dos resultados do exame nacional do ensino básico abalou a
imagem de eficiência administrativa à qual o PSDB sempre
procurou se associar.
Revelou-se que, entre 1995 e
2005, o desempenho em português e matemática havia piorado em todo o país, provavelmente devido à maior inclusão
de alunos de baixa renda -em
São Paulo, governado pelos tucanos em todo o período, a queda superava a média nacional
em vários indicadores. O dado
motivou uma troca de acusações entre os ex-secretários da
Educação do partido.
A crise amainou a partir do
ano seguinte, com o anúncio
das notas de 2007, superiores
às de 2005, embora ainda abaixo das de dez anos antes. Exames posteriores do governo estadual apontaram o início de
uma tendência de melhora,
mas nem a mais otimista das
autoridades deixa de fazer a
ressalva de que os resultados
continuam insatisfatórios.
Principal despesa a cargo dos
governadores, a educação recebeu, ao longo do governo Serra,
basicamente o mínimo exigido
pela Constituição do Estado, de
30% da receita de impostos. O
percentual é maior que os 25%
determinados pela Constituição nacional, mas só é atingido
graças a uma brecha na legislação local que permite a inclusão de gastos com o pagamento
de servidores aposentados.
A expansão da arrecadação,
no entanto, garantiu o aumento real do gasto -o ensino profissionalizante mereceu o
maior aumento percentual de
verbas. A política tributária
adotada fez com que a receita
do ICMS aumentasse mais em
São Paulo que no resto do país.
A mesma lógica beneficiou a
saúde, cujas verbas ficaram
próximas do piso constitucional de 12% da receita de impostos -instituído, aliás, quando
Serra era o ministro do setor no
governo FHC.
Se pôde colher uma melhora
na educação após dez anos de
piora, o tucano teve de contabilizar uma piora na violência
após dez anos de melhora. A taxa de homicídios no Estado subiu em 2009 de 10,69 para
10,95 por 100 mil habitantes,
interrompendo uma trajetória
de queda apresentada como
um dos troféus do partido.
Ainda não há um diagnóstico
consensual sobre as razões do
aumento, nem se pode dizer
que uma nova tendência tenha
sido iniciada. A redução da criminalidade em São Paulo começou no final da década passada, quando a taxa de homicídios chegava a 35,71 por 100 mil
habitantes. Sob Serra, as verbas
para a segurança mantiveram o
ritmo de crescimento do governo Alckmin, e os índices de violência continuaram entre os
menores do país.
Perdeu fôlego o compromisso de construir 44 novas unidades prisionais, que sofre resistência de prefeitos do interior.
Em um levantamento de 2007,
o Estado mantinha 153 mil encarcerados em um sistema penitenciário que não deveria
abrigar mais de 96 mil. No ano
anterior, as penitenciárias superlotadas foram palco de rebeliões comandadas pela facção criminosa PCC.
(GUSTAVO PATU)
Texto Anterior: No governo, tucano multiplicou receita, obras e propaganda Próximo Texto: Quilombo ganha ponte, mas espera estrada Índice
|