São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2000


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SALÁRIO MÍNIMO
Partido foi criticado por não defender o piso de R$ 177; Bornhausen descartou "política personalista"
PFL contesta poder de ACM em reunião

da Sucursal de Brasília

O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), teve sua autoridade contestada ontem pela Executiva Nacional do seu partido, embora tenha recebido moção de solidariedade dos pefelistas ao final do episódio.
Ele manteve um diálogo áspero com o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), ao exigir manifestação pública de apoio para rebater as notícias de que está isolado na defesa de um salário mínimo de R$ 177.
Por unanimidade, a executiva decidiu votar a favor da medida provisória que fixou o mínimo em R$ 151 e ACM teve de negociar com os líderes da Câmara e do Senado o número de deputados e senadores -principalmente da Bahia- que votariam a favor dos R$ 177, seguindo sua orientação.
A cobrança de ACM constrangeu os dirigentes do PFL. Em tom de indignação, ele reclamou que a imprensa tem publicado diariamente notícias de que está isolado e que o partido não divulgou qualquer desmentido.
Disse ter maioria dentro da estrutura do PFL e reclamou de não ter sido consultado quando o partido fez acordo para votar a favor do governo.
Bornhausen deu uma resposta dura. Disse que não fazia ""política personalista" e sim colegiada, que maioria era decidida por convenção partidária e que ele não tem tempo para ficar enviando cartas desmentindo notícias de jornal.
O presidente do PFL chegou a dar um soco na mesa durante a discussão, segundo relato dos presentes.
ACM mais uma vez reagiu, dizendo que, se o partido tivesse feito uma manifestação no início, teria evitado seu constante desgaste no noticiário.
""Foi um diálogo áspero, mas franco", definiu o senador José Agripino (PFL-RN), que atuou como bombeiro, propondo que a executiva aprovasse uma moção de solidariedade ao presidente do Senado para tentar abrandar o clima da reunião. ""Tive a idéia quando os ânimos explodiram", afirmou.
O deputado Luiz Antonio de Medeiros (SP), ligado à Força Sindical, defendeu que o partido votasse a favor do acordo que incluiu no projeto de conversão da MP emenda de sua autoria, segundo a qual o governo pode reajustar o salário mínimo de janeiro a abril de 2001, desde que não comprometa o equilíbrio fiscal.
Medeiros foi um dos primeiros defensores da bandeira de um salário mínimo de valor aproximado a US$ 100 (os R$ 177 da proposta).
Na moção, assinada por Bornhausen, a executiva diz que o senador baiano tem sido ""frequente e injustamente apontado por órgãos da imprensa como ocupante de posição isolada dentro do PFL".
O presidente do Senado exigiu ainda que a moção incluísse apoio do partido à sua luta pelo combate à corrupção, em referência às denúncias que vem fazendo contra o presidente do PMDB, senador Jader Barbalho (PA).
A executiva concordou, mas o texto elaborado por Agripino foi diplomático em seus termos. Diz que ACM ""tem sido apoiado pelo partido na luta por suas bandeiras em defesa dos menos favorecidos e a favor da administração pública, pautada pela eficiência e pela honestidade".
Desde a ""guerra das CPIs", no ano passado, quando cada um dos senadores tentou dar o máximo de publicidade para as comissões de investigação que apadrinhavam, a tom dos das acusações vem subindo.
Um dos pontos culminantes foi a troca de acusações e insultos na tribuna do Senado. Desde então, ACM e Jader vêm divulgando dossiês com denúncias um contra o outro. O Senado aprovou uma moção de censura pelo comportamento de ambos.


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