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SALÁRIO MÍNIMO
Partido foi criticado por não defender o piso de R$ 177; Bornhausen descartou "política personalista"
PFL contesta poder de ACM em reunião
da Sucursal de Brasília
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA),
teve sua autoridade contestada
ontem pela Executiva Nacional
do seu partido, embora tenha recebido moção de solidariedade
dos pefelistas ao final do episódio.
Ele manteve um diálogo áspero
com o presidente do PFL, senador
Jorge Bornhausen (SC), ao exigir
manifestação pública de apoio
para rebater as notícias de que está isolado na defesa de um salário
mínimo de R$ 177.
Por unanimidade, a executiva
decidiu votar a favor da medida
provisória que fixou o mínimo
em R$ 151 e ACM teve de negociar
com os líderes da Câmara e do Senado o número de deputados e
senadores -principalmente da
Bahia- que votariam a favor dos
R$ 177, seguindo sua orientação.
A cobrança de ACM constrangeu os dirigentes do PFL. Em tom
de indignação, ele reclamou que a
imprensa tem publicado diariamente notícias de que está isolado
e que o partido não divulgou
qualquer desmentido.
Disse ter maioria dentro da estrutura do PFL e reclamou de não
ter sido consultado quando o partido fez acordo para votar a favor
do governo.
Bornhausen deu uma resposta
dura. Disse que não fazia ""política
personalista" e sim colegiada, que
maioria era decidida por convenção partidária e que ele não tem
tempo para ficar enviando cartas
desmentindo notícias de jornal.
O presidente do PFL chegou a
dar um soco na mesa durante a
discussão, segundo relato dos
presentes.
ACM mais uma vez reagiu, dizendo que, se o partido tivesse feito uma manifestação no início, teria evitado seu constante desgaste
no noticiário.
""Foi um diálogo áspero, mas
franco", definiu o senador José
Agripino (PFL-RN), que atuou
como bombeiro, propondo que a
executiva aprovasse uma moção
de solidariedade ao presidente do
Senado para tentar abrandar o clima da reunião. ""Tive a idéia
quando os ânimos explodiram",
afirmou.
O deputado Luiz Antonio de
Medeiros (SP), ligado à Força Sindical, defendeu que o partido votasse a favor do acordo que incluiu no projeto de conversão da
MP emenda de sua autoria, segundo a qual o governo pode reajustar o salário mínimo de janeiro
a abril de 2001, desde que não
comprometa o equilíbrio fiscal.
Medeiros foi um dos primeiros
defensores da bandeira de um salário mínimo de valor aproximado a US$ 100 (os R$ 177 da proposta).
Na moção, assinada por Bornhausen, a executiva diz que o senador baiano tem sido ""frequente
e injustamente apontado por órgãos da imprensa como ocupante
de posição isolada dentro do
PFL".
O presidente do Senado exigiu
ainda que a moção incluísse apoio
do partido à sua luta pelo combate à corrupção, em referência às
denúncias que vem fazendo contra o presidente do PMDB, senador Jader Barbalho (PA).
A executiva concordou, mas o
texto elaborado por Agripino foi
diplomático em seus termos. Diz
que ACM ""tem sido apoiado pelo
partido na luta por suas bandeiras
em defesa dos menos favorecidos
e a favor da administração pública, pautada pela eficiência e pela
honestidade".
Desde a ""guerra das CPIs", no
ano passado, quando cada um
dos senadores tentou dar o máximo de publicidade para as comissões de investigação que apadrinhavam, a tom dos das acusações
vem subindo.
Um dos pontos culminantes foi
a troca de acusações e insultos na
tribuna do Senado. Desde então,
ACM e Jader vêm divulgando
dossiês com denúncias um contra
o outro. O Senado aprovou uma
moção de censura pelo comportamento de ambos.
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