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Ministério Público
dá ultimato para
Prefeitura de SP
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público de São
Paulo deu prazo de 30 dias para
que a prefeita Marta Suplicy
(PT-SP) apresente uma justificativa para o fato de não ter
contratado um advogado para
tentar reaver os US$ 200 milhões bloqueados na ilha de
Jersey, um paraíso fiscal do canal da Mancha.
O dinheiro é atribuído ao ex-prefeito Paulo Maluf (PP).
"Estamos investigando possível omissão da prefeitura. Até
agora não houve uma justificativa plausível [para a não-contratação]", disse o promotor de
Justiça Sérgio Turra Sobrane,
41. A prefeitura, segundo o promotor, foi notificada há cerca
de dez dias, e o prazo deverá
vencer no final de maio.
O Ministério Público não tem
poder legal para representar os
interesses da prefeitura em Jersey. Por isso, o governo da ilha
pediu que fosse contratado um
advogado local. O primeiro
passo seria formalizar convênio entre a prefeitura e a União.
A União contrataria o advogado, mas o pagamento seria feito pela prefeitura.
O secretário municipal dos
Negócios Jurídicos, Luiz Tarcísio Ferreira, informou que o
convênio entre prefeitura e
AGU (Advocacia Geral da
União) deverá ser assinado na
semana que vem. Ele não soube dizer a data de contratação
do advogado ("isso dependerá
da AGU").
Ferreira afirmou que não se
conhece o valor do futuro contrato. O Ministério Público estima em R$ 1 milhão. O temor
dos promotores é que, sem o
advogado, o dinheiro seja desbloqueado. Há mais de um
ano, o governo de Jersey pediu
ao Ministério da Justiça brasileiro que contratasse um advogado. O procurador-geral de
Justiça de São Paulo, Rodrigo
Pinho, disse ontem que o ex-prefeito já se livrou de pelo menos uma acusação que lhe poderia ser feita ao final das investigações sobre movimentações
milionárias na Suíça.
O possível crime de evasão de
divisas, que prevê pena de dois
a seis anos de prisão, já prescreveu. Como Maluf tem mais de
70 anos, o tempo para o cálculo
da prescrição é contado pela
metade. Os procuradores da
República correm contra o
tempo para tentar punir o ex-prefeito por supostos crimes
ainda não prescritos, como lavagem de dinheiro e corrupção. Na área cível, os promotores ainda podem acusá-lo de
improbidade administrativa.
O procurador confirmou, na
entrevista coletiva, que o Ministério Público possui informações de que US$ 200 milhões em contas sob suspeita
estejam bloqueados na ilha de
Jersey. Pinho rebateu acusação
de Maluf de que há interesse
eleitoral na investigação.
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