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ELEIÇÕES 2006
Pré-candidato diz que não interromperá jejum, mas alimentação pela veia encerra, na prática, seu protesto
Garotinho se alimentará de soro após 10 dias de greve
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de dez dias em greve de
fome e 6,2 kg mais magro, o pré-candidato à Presidência pelo
PMDB Anthony Garotinho acatou orientação médica e foi internado em um hospital do Rio para
reidratação intravenosa com soro
glicosado ontem à tarde, o que, na
prática, encerra a greve de fome.
Para Garotinho, contudo, o jejum continua. "Não tenho como
não aceitar a orientação do meu
médico, mas a greve não acabou."
Segundo o médico do pré-candidato, Abdu Neme, será feita a
reposição de sais minerais. Depois de "exaustiva avaliação", o
médico concluiu que, apesar de
lúcido e orientado, Garotinho estava com a pressão instável, o que
provocava tontura e mal-estar.
Anteontem, ele havia dito que,
ao repor as necessidades básicas
do paciente, "na prática, os efeitos
da greve de fome cessam". Segundo a nutricionista Cíntia Machado, uma pessoa pode viver "meses" apenas no soro.
"O corpo dele continuará sofrendo os efeitos da falta de proteína e gordura, mas a glicose não
deixa de ser um nutriente. Ele não
morre, mas não terá as calorias
necessárias", afirma Cíntia.
Garotinho anunciou a decisão
de ser internado às 17h de ontem
ao lado de sua mulher, a governadora Rosinha Matheus. Estavam
na sala da sede regional do
PMDB, onde ele permaneceu durante todo o tempo em que esteve
em greve. Depois do anúncio, seguiu em ambulância do Corpo de
Bombeiros para o hospital particular Quinta D"or.
Garotinho afirmou que participará da convenção do partido no
sábado em Brasília para defender
a candidatura própria do PMDB à
Presidência. Ele disse ainda que
não desistiu da pré-campanha.
"Trindade do mal"
Em manifestação que reuniu
cerca de 5.000 militantes trazidos
ao centro do Rio por prefeitos do
interior do Estado simpáticos a
Garotinho e secretarias da área
social, o pré-candidato disse estar
sendo perseguido pelo que chamou de "trindade do mal". A entidade, diz Garotinho, é formada
pelo "Lula, os bancos e as Organizações Globo".
De acordo com o deputado estadual Paulo Melo (PMDB),
membros do diretório regional
organizaram a manifestação. Pelo
menos 110 ônibus trouxeram os
manifestantes, que podiam ser divididos em três grupos: famílias
pobres beneficiadas por programas assistenciais do governo Rosinha, evangélicos (religião professada pelo casal) e funcionários
públicos de prefeituras aliadas.
Em discurso da janela no alto do
prédio onde funciona o diretório,
Garotinho afirmou estar disposto
a dar sua vida para derrotar "os
inimigos do povo". O pastor Paulo Santos, da Assembléia de Deus,
disse que igrejas do município
convocaram fiéis para a manifestação. Os ônibus, segundo o cabo
eleitoral Damião Antunes dos
Santos, foram fornecidos pelo
presidente da Câmara Municipal,
Amsterdan Santos (PMDB).
Segundo manifestantes, o prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (PMDB), cedeu ônibus e camisetas com propaganda
de Garotinho. A assessoria do
prefeito negou a informação.
(TALITA FIGUEIREDO, SÉRGIO TORRES e ELVIRA LOBATO)
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