São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2006

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ELEIÇÕES 2006

Pré-candidato diz que não interromperá jejum, mas alimentação pela veia encerra, na prática, seu protesto

Garotinho se alimentará de soro após 10 dias de greve

DA SUCURSAL DO RIO

Depois de dez dias em greve de fome e 6,2 kg mais magro, o pré-candidato à Presidência pelo PMDB Anthony Garotinho acatou orientação médica e foi internado em um hospital do Rio para reidratação intravenosa com soro glicosado ontem à tarde, o que, na prática, encerra a greve de fome.
Para Garotinho, contudo, o jejum continua. "Não tenho como não aceitar a orientação do meu médico, mas a greve não acabou."
Segundo o médico do pré-candidato, Abdu Neme, será feita a reposição de sais minerais. Depois de "exaustiva avaliação", o médico concluiu que, apesar de lúcido e orientado, Garotinho estava com a pressão instável, o que provocava tontura e mal-estar.
Anteontem, ele havia dito que, ao repor as necessidades básicas do paciente, "na prática, os efeitos da greve de fome cessam". Segundo a nutricionista Cíntia Machado, uma pessoa pode viver "meses" apenas no soro.
"O corpo dele continuará sofrendo os efeitos da falta de proteína e gordura, mas a glicose não deixa de ser um nutriente. Ele não morre, mas não terá as calorias necessárias", afirma Cíntia.
Garotinho anunciou a decisão de ser internado às 17h de ontem ao lado de sua mulher, a governadora Rosinha Matheus. Estavam na sala da sede regional do PMDB, onde ele permaneceu durante todo o tempo em que esteve em greve. Depois do anúncio, seguiu em ambulância do Corpo de Bombeiros para o hospital particular Quinta D"or.
Garotinho afirmou que participará da convenção do partido no sábado em Brasília para defender a candidatura própria do PMDB à Presidência. Ele disse ainda que não desistiu da pré-campanha.

"Trindade do mal"
Em manifestação que reuniu cerca de 5.000 militantes trazidos ao centro do Rio por prefeitos do interior do Estado simpáticos a Garotinho e secretarias da área social, o pré-candidato disse estar sendo perseguido pelo que chamou de "trindade do mal". A entidade, diz Garotinho, é formada pelo "Lula, os bancos e as Organizações Globo".
De acordo com o deputado estadual Paulo Melo (PMDB), membros do diretório regional organizaram a manifestação. Pelo menos 110 ônibus trouxeram os manifestantes, que podiam ser divididos em três grupos: famílias pobres beneficiadas por programas assistenciais do governo Rosinha, evangélicos (religião professada pelo casal) e funcionários públicos de prefeituras aliadas.
Em discurso da janela no alto do prédio onde funciona o diretório, Garotinho afirmou estar disposto a dar sua vida para derrotar "os inimigos do povo". O pastor Paulo Santos, da Assembléia de Deus, disse que igrejas do município convocaram fiéis para a manifestação. Os ônibus, segundo o cabo eleitoral Damião Antunes dos Santos, foram fornecidos pelo presidente da Câmara Municipal, Amsterdan Santos (PMDB).
Segundo manifestantes, o prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (PMDB), cedeu ônibus e camisetas com propaganda de Garotinho. A assessoria do prefeito negou a informação. (TALITA FIGUEIREDO, SÉRGIO TORRES e ELVIRA LOBATO)


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