São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2006

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Empresa nega versão de ONG do Rio

ELVIRA LOBATO
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Citada pela ONG CBDDC (Centro Brasileiro de Defesa dos Direitos da Cidadania) como a empresa contratada para realizar um diagnóstico da situação de hospitais fluminenses, a DM Gestão de Projetos e Negócios nega que tenha feito o serviço.
O governo peemedebista de Rosinha Matheus (mulher de Anthony Garotinho) pagou R$ 105,6 milhões à ONG em 2005. Parte do dinheiro teria ido para a DM, segundo a ONG.
O presidente do CBDDC, Carlos Alberto da Silva Lopes, declarou que 10% do valor do contrato com o governo do Estado tinha sido gasto na elaboração de um trabalho sobre a situação de 29 hospitais do Estado. Segundo ele, o estudo teria sido feito pela DM e entregue ao Estado no ano passado.
A Secretaria de Saúde do Estado se recusou a mostrar o trabalho à Folha. Segundo a secretaria, o diagnóstico apresentado pelo CBDDC está sob a análise reservada de uma comissão especial criada na Procuradoria Geral do Rio.
A enfermeira Daniela Britto, sócia minoritária da DM, disse que a empresa chegou a ser contatada pelo CBDDC para fazer o trabalho, mas se recusou a fazê-lo.
Ela afirmou que, se chamada a depor na Polícia Federal que investiga as contrata, terá como provar que não prestou serviço nem recebeu pagamento do CBDDC. Daniela diz que o motivo da recusa foi o fato de o CBDDC não detalhar o trabalho pretendido: "Mandou apenas um objeto de contrato, genérico".

Mão-de-obra
Na entrevista concedida no fim de abril, o presidente do CBDDC disse que 90% dos R$ 105 milhões que recebeu da Fesp (Fundação Escola do Serviço Público, vinculada à Secretaria de Administração) foram repassados para cooperativas. O objetivo era pagar 9.000 pessoas que trabalham na rede hospitalar. Elas foram contratadas sem prestar concurso.
Segundo Lopes, a Fesp depositava o dinheiro na conta bancária do CBDDC, que o repassava a cerca de 15 cooperativas indicadas pela Febracoop (entidade que reúne parte das cooperativas do Estado do Rio de Janeiro).
Segundo ele, o contrato com a Fesp incluía a realização de estudo para quantificação do pessoal necessário à rede pública. Disse que o trabalho foi entregue à Fesp em nove relatórios. A DM, segundo Lopes, ""pilotou o pessoal que fez o trabalho de campo".
Depois que a diretora da empresa negou ter prestado o serviço, a Folha procurou de novo o presidente do CBDDC, mas não conseguiu localizá-lo. O ex-vice-presidente, Hélio Bustamante da Cruz Secco, negou-se a dar entrevista.


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