|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GOVERNO EM DISPUTA
Aprovação dos R$ 260 aliviaria pressão do PT para tirá-lo
Para Aldo, mínimo o segura no cargo
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) avalia que, se
conseguir que o Senado aprove a
medida provisória do salário mínimo de R$ 260, vencerá a pressão
do PT para que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva o desloque
para o lugar de José Viegas (Defesa) e devolva a articulação política
a José Dirceu (Casa Civil). A votação do mínimo deve ocorrer na
semana que vem.
A aliados, Aldo mostra disposição de comprar briga com Dirceu,
com quem tem se desentendido
nos bastidores. Crê que uma vitória no Senado impediria o PT de
tirá-lo da operação política. A interlocutores, o ministro, que é do
pequeno PC do B, lembra que
agiu corretamente com Dirceu.
Exemplo: ao assumir no final de
janeiro a Coordenação Política,
pasta que absorveu uma estrutura
que antes estava na Casa Civil,
não demitiu ninguém ligado ao
ministro. Nem pessoal ligado ao
ex-subchefe de Assuntos Parlamentares Waldomiro Diniz, pivô
da maior crise da gestão Lula.
Aliados de Aldo no Congresso
dizem que o PT e Dirceu não se
conformam de ter perdido o controle de um esquema de poder
fundamental para o partido, o de
liberação de emendas parlamentares e indicação de cargos.
Ao mesmo tempo, dizem os defensores do ministro da Coordenação Política, o presidente da
Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), tem interesse em miná-lo
porque Aldo não apoiou a emenda que permitiria a reeleição dele
e de Sarney para seus postos no
Congresso. Aldo trabalhou contra
a emenda, rejeitada em maio na
Câmara. Dirceu a apoiou.
A eventual queda de Aldo, com
o retorno da articulação política
para Dirceu, criaria a possibilidade de ressurreição da emenda.
Como uma alternativa futura para o ministro da Casa Civil é presidir a Câmara, João Paulo tem interesse direto na permanência de
Dirceu no governo.
Lula na muda
Lula avalia se atende à pressão
do PT. É forte o desejo de tirar
Viegas. Anteontem, Lula deu demonstrações em conversas reservadas de que poderia devolver a
articulação política a Dirceu, apesar de estar satisfeito com o Aldo.
O chefe da Casa Civil, em viagem
à Argentina, teve papel decisivo
na eleição de Lula em 2002.
O presidente não deve tomar
decisão antes de votar o mínimo,
para evitar maior divisão no governo numa hora fundamental.
Viegas está desgastado junto
aos comandantes militares por
causa do que consideram má condução das negociações por reajuste salariais e dentro do próprio
governo devido a supostos deslizes éticos.
Genoino
O presidente do PT, José Genoino, negou que o partido ou membros da sigla ligados a Dirceu estejam pressionando Lula para que
ele devolva ao ministro da Casa
Civil as atribuições de articulador
político. "Nunca tratei desse assunto com o presidente. O PT não
pressiona o presidente. Pode fazer
sugestões, mas nunca pressões",
diz. Segundo ele, Aldo tem feito
um "bom trabalho".
A interlocutores, João Paulo
disse estar "muito bem" com o
ministro da Coordenação Política. Na segunda-feira, o presidente
da Câmara pediu "solidariedade"
a Dirceu, que estaria sendo criticado de "forma injusta".
Texto Anterior: Sombra no Planalto: Governo "esquece" projeto antibingo Próximo Texto: Brasil com "Z": Falta marca própria a Lula, diz brasilianista Índice
|