|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cooperativa é "organização criminosa", diz promotor
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O promotor de Justiça José
Carlos Blat disse ontem, em audiência pública da Comissão de
Defesa dos Direitos do Consumidor da Assembléia Legislativa de São Paulo, que a Bancoop
(Cooperativa Habitacional dos
Bancários) é "uma organização
criminosa" com objetivos "político-partidários".
Blat é o responsável pelo inquérito aberto em fevereiro de
2007 para apurar supostas irregularidades na gestão da cooperativa e alegados crimes de
apropriação indébita, estelionato, lavagem de capitais e formação de quadrilha ou bando.
Três pessoas ouvidas pelo Ministério Público disseram que
verbas da cooperativa eram direcionadas a campanhas do PT.
O promotor e o presidente da
cooperativa, João Vaccari Neto, do conselho da hidrelétrica
de Itaipu e ex-secretário-geral
da CUT (Central Única dos
Trabalhadores), foram convidados para a audiência a pedido
da bancada do PSDB.
Vaccari não compareceu ontem. Em carta enviada à Assembléia, disse que teve de viajar (sua assessoria disse que ele
estava no Rio ontem) e pediu
que o depoimento fosse remarcado entre os dias 23 e 27.
"A Bancoop, mais do que
uma empresa particular, é uma
organização criminosa, visando dinheiro e poder às custas de
muitas famílias que acreditaram no projeto habitacional e
que tiveram seus bens efetivamente dilapidados ao longo dos
anos", disse Blat na audiência,
que teve a presença de cerca de
300 cooperados.
Os representantes dos cooperados disseram que cerca de
3.000 famílias têm algum de
problema com empreendimentos da Bancoop -de casas pagas e não entregues a valores
que foram majorados acima da
estimativa de valor original.
Em seu discurso, o deputado
estadual Rui Falcão (PT-SP)
ironizou a acolhida da platéia
ao discurso de Blat e procurou
desqualificar advogados dos
cooperados e uma das testemunhas do inquérito, Hélio Malheiro, irmão do ex-presidente
da Bancoop, Luis Malheiro,
morto em 2004. Ele também
afirmou que outro promotor de
Justiça, no âmbito de uma ação
civil, assinou com a Bancoop
um termo de ajustamento de
conduta, uma espécie de acordo judicial. A platéia reagiu aos
gritos, dizendo ao deputado
que o termo já foi contestado
pelo Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo.
Falcão disse então que deixaria a audiência, que durava até
ali uma hora, porque a ordem
do dia da Casa havia começado
no plenário e ele se via impedido "regimentalmente" de seguir na audiência. Na saída, foi
xingado e vaiado pela platéia.
Blat disse ao microfone que
não aceitaria que testemunhas
do processo fossem "coagidas".
A assessoria da Bancoop disse que a cooperativa não comentaria o discurso de Blat e a
audiência da Assembléia.
Texto Anterior: Outro lado: "Por que não procuram a federal do Piauí?" Próximo Texto: Valério é cobrado na Justiça por R$ 208 mil Índice
|