São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 2008

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Cooperativa é "organização criminosa", diz promotor

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O promotor de Justiça José Carlos Blat disse ontem, em audiência pública da Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor da Assembléia Legislativa de São Paulo, que a Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários) é "uma organização criminosa" com objetivos "político-partidários".
Blat é o responsável pelo inquérito aberto em fevereiro de 2007 para apurar supostas irregularidades na gestão da cooperativa e alegados crimes de apropriação indébita, estelionato, lavagem de capitais e formação de quadrilha ou bando. Três pessoas ouvidas pelo Ministério Público disseram que verbas da cooperativa eram direcionadas a campanhas do PT.
O promotor e o presidente da cooperativa, João Vaccari Neto, do conselho da hidrelétrica de Itaipu e ex-secretário-geral da CUT (Central Única dos Trabalhadores), foram convidados para a audiência a pedido da bancada do PSDB.
Vaccari não compareceu ontem. Em carta enviada à Assembléia, disse que teve de viajar (sua assessoria disse que ele estava no Rio ontem) e pediu que o depoimento fosse remarcado entre os dias 23 e 27.
"A Bancoop, mais do que uma empresa particular, é uma organização criminosa, visando dinheiro e poder às custas de muitas famílias que acreditaram no projeto habitacional e que tiveram seus bens efetivamente dilapidados ao longo dos anos", disse Blat na audiência, que teve a presença de cerca de 300 cooperados.
Os representantes dos cooperados disseram que cerca de 3.000 famílias têm algum de problema com empreendimentos da Bancoop -de casas pagas e não entregues a valores que foram majorados acima da estimativa de valor original.
Em seu discurso, o deputado estadual Rui Falcão (PT-SP) ironizou a acolhida da platéia ao discurso de Blat e procurou desqualificar advogados dos cooperados e uma das testemunhas do inquérito, Hélio Malheiro, irmão do ex-presidente da Bancoop, Luis Malheiro, morto em 2004. Ele também afirmou que outro promotor de Justiça, no âmbito de uma ação civil, assinou com a Bancoop um termo de ajustamento de conduta, uma espécie de acordo judicial. A platéia reagiu aos gritos, dizendo ao deputado que o termo já foi contestado pelo Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo.
Falcão disse então que deixaria a audiência, que durava até ali uma hora, porque a ordem do dia da Casa havia começado no plenário e ele se via impedido "regimentalmente" de seguir na audiência. Na saída, foi xingado e vaiado pela platéia.
Blat disse ao microfone que não aceitaria que testemunhas do processo fossem "coagidas".
A assessoria da Bancoop disse que a cooperativa não comentaria o discurso de Blat e a audiência da Assembléia.


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