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PT estima base reduzida de apoio a Lula na Câmara
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um eventual presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) partiria
de uma base parlamentar própria
na Câmara dos Deputados mais
frágil que a do atual governo.
É o que indica relatório interno
do partido obtido pela Folha, segundo o qual o PT espera fazer no
máximo 85 deputados federais na
eleição de outubro -ainda assim
numa estimativa otimista. O mais
provável é que a bancada cresça
menos, dos atuais 59 para algo entre 72 e 75.
No Senado, a perspectiva de
crescimento é maior. O PT espera
aumentar a bancada dos atuais oito senadores para até 14.
Apesar da elevação na Câmara,
o PT deverá continuar com menos deputados do que têm hoje os
principais partidos da base governista. Hoje, o PSDB tem 95 deputados, enquanto o PMDB possui
87. O PFL,que decretou "independência" mas apoiou o governo
por mais de sete anos, possui 97
parlamentares na Câmara.
Ampliar a base
Os dados mostram que Lula teria de trabalhar duro para conseguir aprovar no Congresso as reformas que vem prometendo
-tributária, previdenciária, política, trabalhista e agrária. Muitas
delas exigem quórum qualificado,
de três quintos -ou 308 deputados-, por envolverem mudanças constitucionais.
O PT precisará buscar apoios
além de sua coligação, tendo de
ampliar ainda mais seu arco de
alianças. Os partidos que sustentam Lula -além de PT, PL e PC
do B -deverão eleger, no máximo, 130 deputados federais.
Somados outros partidos de esquerda e centro -PSB, PDT, PPS
e PTB-, a plataforma lulista poderá se aproximar de 200 parlamentares.
Com ainda mais otimismo,os
petistas sonham atrair nacos de
PMDB e PSDB para formar uma
"base flutuante" pró-Lula de até
300 parlamentares. O problema é
que quanto mais se amplia o espectro de aliados, mais gelatinosa
tende a ser esta base.
O histórico da era Fernando
Henrique Cardoso é bastante ilustrativo. Ao ser eleito em 1998, Fernando Henrique Cardoso tinha o
apoio nominal na Câmara de
quase 400 deputados, em 513.
Na prática, essa frente sempre
foi fluida, com parlamentares formando dissidências em razão de
seus interesses paroquiais.
O governo acabou perdendo várias votações, principalmente em
matérias como reforma previdenciária e administrativa. As reformas tributária e política, que chegaram a ser colocadas como prioridade, não puderam nem ir a votação.
Voto na legenda
Para ajudar a aumentar a bancada, o PT pretende fazer uma campanha institucional durante o horário eleitoral estimulando o voto
em sua legenda na eleição para
deputados.
"A legenda petista é uma das
que têm maior reconhecimento e
credibilidade quando o assunto é
Congresso Nacional, segundo
atestam pesquisas que temos", diz
o secretário nacional de Organização do partido, Silvio Pereira.
Segundo o relatório petista, haverá pequenas elevações na bancada federal do partido na maioria dos Estados.
Na Bahia, por exemplo, o partido espera aumentar o número de
deputados de 5 para 6. No Rio de
Janeiro, poderá crescer de 4 para
até 7 federais. Em São Paulo, os
atuais 14 poderão chegar a até 16.
E no Rio Grande do Sul, "fortaleza" petista, a bancada deverá aumentar dos atuais 9 para 11 deputados federais.
O partido também espera eleger
pela primeira vez representantes
em Estados como Amazonas,
Amapá, Goiás, Maranhão, Mato
Grosso, Rio Grande do Norte,
Rondônia, Roraima e Tocantins.
Apenas em um Estado há perspectiva de redução da bancada:
Minas Gerais, em que os sete deputados eleitos em 1998 devem
ser reduzidos para quatro ou cinco. Esta elevação teria de ser
maior, no entanto, para dar a Lula
base parlamentar mais sólida.
Em seus discursos e documentos, o presidenciável tem prometido fazer um amplo programa de
reformas no país. A primeira seria
a tributária, já no primeiro ano de
governo.
"Ter maioria na Câmara não garante aprovação dos projetos do
governo, como mostrou a base de
Fernando Henrique. O importante é ter um presidente que negocie
com os partidos em bases éticas,
para ampliar seu apoio. É o que
Lula se propõe a fazer", disse o líder do PT na Câmara, João Paulo
Cunha (SP).
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