São Paulo, domingo, 11 de julho de 2004

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TODA MÍDIA - NELSON DE SÁ

Chico e Lula

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DE CHICO: "Não sou um escritor, sou um homem de música que escreve textos. Escritores não me consideram escritor, também. E eles têm razão... Sendo que os músicos também não me consideram músico (ri muito)"


Chico Buarque quer distância da imprensa:
- Fico um pouco desgostoso quando sou obrigado a falar. Porque, quando sai publicado, não gosto da maneira que saiu. Mesmo que sejam as palavras que eu disse.
Mas ele falou à "Ocas", na edição de aniversário da revista que só é vendida por "pessoas em situação de rua". É uma longa entrevista a Marcella Franco, em que anuncia que voltou ao violão, comenta literatura, faz revelações (apanhou da polícia quando foi preso, ainda jovem) e fala de Lula. E critica a cobertura:
- Existe uma má vontade muito grande da imprensa com este governo... Há uma má vontade com o Lula muito forte, com ou sem motivos. E o que puderem fazer para criar atrito em qualquer área parece interessante.
Por exemplo:
- Perguntaram para mim se eu estava satisfeito com o governo Lula, e eu respondi que era óbvio que não. E acho ótimo não estar satisfeito. A pior coisa que pode acontecer para um governante é estar cercado de puxa-sacos. Mas isso não significa que eu esteja decepcionado com o Lula. Votei nele várias vezes e não me arrependo do meu voto.
E mais:
- É claro que há coisas que tenho esperança de que ele vá resolver. Espero talvez o impossível, mas alguma parte do impossível eu imagino que ele cumpra, porque nem ele pode estar satisfeito. Nem estou muito surpreso, não esperava coisa muito diferente, pelo menos nos dois primeiros anos. Não podia esperar o rompimento com a linha econômica que foi traçada antes, por exemplo.
De todo modo, nada de muita convivência:
- Outra coisa é a intimidade com o poder. Sou um pouco avesso a isso, não me sinto muito à vontade para, por exemplo, ir jogar futebol com o Lula. Eu quero continuar gostando do Lula, torcendo por ele, mas à distância. E ele sabe disso.

O embate 1
De um lado, o ministro petista Antonio Palocci e o senador tucano Tasso Jereissati. Do outro, o ministro petista Guido Mantega e os governadores tucanos Geraldo Alckmin e Aécio Neves.
Foi o conflito desenhado pelo "Valor", para dizer por que não anda a Parceria Público-Privada. Para os primeiros, a PPP é "dívida". Para os segundos, não.
No meio do jogo, segundo "O Globo", muitos jantares de Palocci com senadores tucanos.

O embate 2
A começar dos telejornais, passando por seus canais de notícia, rádios, comentaristas, a Globo e a Band entraram em campanha pela PPP, na semana.
O motivo é o medo -quase o terror- de novo apagão, agora nas estradas, portos etc.

A bola
A embaixada brasileira em Paris reúne o Não-Grupo dos 5 (EUA, União Européia, Brasil, Índia e Austrália), neste fim de semana, para tentar destravar as negociações comerciais. Agora depende dos subsídios agrícolas dos EUA, segundo um porta-voz da UE, ontem no site da "Forbes":
- A bola está no campo dos americanos, para dizer o que eles realmente oferecem.

Agora, carros
A Argentina continua a exigir "paciência". Ontem, no "Clarín", o ministro Roberto Lavagna disse que as reuniões ministeriais do Mercosul, daqui a duas semanas, não vão "tratar somente dos temas do aqui e agora, mas também dos que vêm adiante":
- Concretamente, temos que discutir o tema dos automóveis.

Frente
As Globos e sites pelo mundo destacaram na semana mais um "bloco" com liderança do Brasil, que bem poderia ser chamado de G alguma coisa, agora numa "frente de combate à Aids", com China, Índia, Rússia, África do Sul, Nigéria e outros.

Rótulo
Garante o chanceler Celso Amorim, em "O Globo":
- Terceiro-mundista? Não, o rótulo é velho. O Brasil se relaciona bem com EUA e União Européia, mas destaca seu enorme interesse por China, África, enfim, os países em desenvolvimento.

Outra reforma
O "Financial Times" insiste. Semanas atrás, deu o estudo que dizia que as "empresas do Brasil têm que melhorar a administração". É a "reforma corporativa", de que pouco se ouve.
E o "FT" destacava na sexta, de novo, a reunião sobre "governança corporativa" que acontece no Rio. Para ouvidos moucos.


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