São Paulo, sábado, 11 de agosto de 2007

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Lula diz que fez "prospecção" e não ideologia em viagem

Ao final de tour pela América Latina, presidente nega atritos com Venezuela e EUA

No Panamá, ele afirma que discutiu "oportunidades" para empresários e que ninguém está obrigado a usar etanol ou biodiesel

Alan Marques/Folha Imagem
Lula é condecorado no Palácio das Garças durante visita ao presidente do Panamá, Martín Torrijos


LETÍCIA SANDER
ENVIADA ESPECIAL À CIDADE DO PANAMÁ

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou ontem visita de cinco dias ao México e à América Central cobrando da iniciativa privada que concretize seus objetivos. Lula definiu as viagens como "de prospecção" e disse que, depois delas, espera que empresários corram atrás de "nichos de oportunidades" e façam negócios. Por onde passou, Lula assinou acordos em temas como energia, direito e questões sociais. Mas os textos não garantem ações imediatas. Daí a convocação aos empresários.
"Tentei dar um exemplo de que uma viagem presidencial é quase como uma viagem de prospecção. Você vai, as pessoas se conhecem, discutem-se os nichos de oportunidade de cada país e, a partir daí, esperamos que a iniciativa privada vá atrás tentar fazer negócios."
Lula também negou que a diplomacia do combustível tenha viés ideológico. "Ninguém está obrigando ninguém a usar a política do etanol ou do biodiesel porque o Brasil quer. É um problema de cada país." Em contrapartida à iniciativa brasileira, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, tem visitado a América Central e exposto a sua "diplomacia do petróleo". Ele é claramente contra os biocombustíveis e tem influenciado vizinhos, como o nicaraguense Daniel Ortega.
Lula negou que a questão gere disputas na região, principalmente em relação a Chávez, que é comprador do álcool brasileiro, disse. "A Venezuela tem petróleo demais. Obviamente, o Chávez pode ter uma política de maior flexibilidade nos acordos de petróleo que o Brasil". Também negou atritos com os EUA. "Queremos que os fatos convençam o Bush e outros países que a gente pode produzir etanol de cana pela metade do preço de que ele produz de milho. Então, ele nos vende o milho para engordar nossas galinhas e nós vendemos o álcool para engordar os carros dele."
"Não queremos brigar", acrescentou ele. "Não daremos palpite sobre a política americana de biocombustível. Cada país é soberano. Se alguém amanhã inventar de produzir etanol de unha, que o faça."
Lula citou o componente político da visita. Disse que a integração da América Latina se dará "sem dar palpite nas decisões soberanas de cada país". Ressaltou que, dos cinco países, em três (Nicarágua, Honduras e Jamaica) um presidente brasileiro nunca havia pisado. "Isso porque havia uma mentalidade de cabeça colonizada."

Os jornalistas LETÍCIA SANDER e ALAN MARQUES viajaram trechos na América Central num avião da FAB devido à falta de vôos comerciais em tempo hábil para a cobertura jornalística


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