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ELEIÇÕES 2006 / SÃO PAULO
Eleição entra na reta final sem programas
A menos de um mês da votação, Serra, Mercadante e Quércia ainda não marcaram data para divulgar projeto de governo
Petista e peemedebista já teriam concluído textos com suas propostas, mas querem que tucano, líder na disputa, apresente planos primeiro
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
MATHEUS PICHONELLI
DA REDAÇÃO
A 20 dias das eleições, os três
principais candidatos ao governo de São Paulo -José Serra
(PSDB), Aloizio Mercadante
(PT) e Orestes Quércia
(PMDB)- ainda não apresentaram seus programas de governo e também não informam
data exata para o lançamento.
A explicação, de acordo com
as assessorias dos candidatos, é
que ainda há captação de idéias.
Até agora, os projetos vêm
sendo explicitados de forma
pontual na internet, no horário
eleitoral gratuito e nos eventos
públicos, mas sempre sob o risco de serem alterados após uma
repercussão indesejável.
É o caso, por exemplo, da
proposta de Mercadante de implantar praças de pedágio no
Rodoanel, apontada por ele como ação "inevitável", mas rifada no dia seguinte. A assessoria
do petista informou que o documento deve ser apresentado
daqui a duas semanas. A primeira previsão era para o final
de agosto. Nos sites do petista e
de Serra, há até links para que o
internauta envie sugestões para os programas de governo.
O comportamento dos postulantes ao Palácio dos Bandeirantes se assemelha ao adotado
pelo ex-governador Geraldo
Alckmin (PSDB), que não apresentou um programa em 2002.
Para o professor de Administração Pública da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de
Araraquara, Álvaro Guedes, 49,
o exemplo de Alckmin não deve
ser seguido. "O eleitor está fazendo seu processo de escolha.
Essa cobrança pode estar sendo velada, mas ela vai ser manifesta no dia do voto", disse.
A apresentação do programa
de governo seria, para o professor, benéfica para elevar a qualidade do processo político.
Também aponta na mesma
direção o especialista em política da Unesp de Bauru Maximiliano Martin Vicente, 50, para
quem o programa é fundamental para conhecer o "projeto de
fundo de Estado". Vicente cita
como exemplo as propostas de
Serra de distribuição de remédios gratuitos e duas professoras na primeira série do ensino
fundamental. Para ele, falta dizer o impacto dessas medidas e
de onde sairão os recursos.
Escondendo o jogo
A assessoria de Serra não
soube informar quando o documento será apresentado. Disse
que está nas mãos do candidato
para redação final. Integrantes
da campanha tucana afirmaram que o ex-prefeito deve lançar o documento apenas na última semana de campanha. Enquanto isso, vai manter esquema de "conta-gotas" no horário
eleitoral, já que não recebe cobranças para divulgá-lo.
Petistas dizem que o programa de Mercadante também está pronto, mas ele não está motivado a lançá-lo antes de Serra,
para não ser foco único dos críticos, entre eles da imprensa.
Essa seria a mesma estratégia de Quércia, segundo peemedebistas. O coordenador da
campanha, ex-deputado Marcelo Barbieri, afirmou, entretanto, que o documento já está
finalizado, mas ainda não foi
decidido se terá divulgação.
"Estamos fazendo isso nas ruas
e na TV. Sinceramente, não estamos preocupados com os outros candidatos", disse.
Nenhum dos candidatos fez
campanha nas ruas ontem.
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