São Paulo, segunda-feira, 11 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / SÃO PAULO

Eleição entra na reta final sem programas

A menos de um mês da votação, Serra, Mercadante e Quércia ainda não marcaram data para divulgar projeto de governo

Petista e peemedebista já teriam concluído textos com suas propostas, mas querem que tucano, líder na disputa, apresente planos primeiro

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

MATHEUS PICHONELLI DA REDAÇÃO A 20 dias das eleições, os três principais candidatos ao governo de São Paulo -José Serra (PSDB), Aloizio Mercadante (PT) e Orestes Quércia (PMDB)- ainda não apresentaram seus programas de governo e também não informam data exata para o lançamento.
A explicação, de acordo com as assessorias dos candidatos, é que ainda há captação de idéias.
Até agora, os projetos vêm sendo explicitados de forma pontual na internet, no horário eleitoral gratuito e nos eventos públicos, mas sempre sob o risco de serem alterados após uma repercussão indesejável.
É o caso, por exemplo, da proposta de Mercadante de implantar praças de pedágio no Rodoanel, apontada por ele como ação "inevitável", mas rifada no dia seguinte. A assessoria do petista informou que o documento deve ser apresentado daqui a duas semanas. A primeira previsão era para o final de agosto. Nos sites do petista e de Serra, há até links para que o internauta envie sugestões para os programas de governo.
O comportamento dos postulantes ao Palácio dos Bandeirantes se assemelha ao adotado pelo ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que não apresentou um programa em 2002.
Para o professor de Administração Pública da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Araraquara, Álvaro Guedes, 49, o exemplo de Alckmin não deve ser seguido. "O eleitor está fazendo seu processo de escolha. Essa cobrança pode estar sendo velada, mas ela vai ser manifesta no dia do voto", disse.
A apresentação do programa de governo seria, para o professor, benéfica para elevar a qualidade do processo político.
Também aponta na mesma direção o especialista em política da Unesp de Bauru Maximiliano Martin Vicente, 50, para quem o programa é fundamental para conhecer o "projeto de fundo de Estado". Vicente cita como exemplo as propostas de Serra de distribuição de remédios gratuitos e duas professoras na primeira série do ensino fundamental. Para ele, falta dizer o impacto dessas medidas e de onde sairão os recursos.

Escondendo o jogo
A assessoria de Serra não soube informar quando o documento será apresentado. Disse que está nas mãos do candidato para redação final. Integrantes da campanha tucana afirmaram que o ex-prefeito deve lançar o documento apenas na última semana de campanha. Enquanto isso, vai manter esquema de "conta-gotas" no horário eleitoral, já que não recebe cobranças para divulgá-lo.
Petistas dizem que o programa de Mercadante também está pronto, mas ele não está motivado a lançá-lo antes de Serra, para não ser foco único dos críticos, entre eles da imprensa.
Essa seria a mesma estratégia de Quércia, segundo peemedebistas. O coordenador da campanha, ex-deputado Marcelo Barbieri, afirmou, entretanto, que o documento já está finalizado, mas ainda não foi decidido se terá divulgação. "Estamos fazendo isso nas ruas e na TV. Sinceramente, não estamos preocupados com os outros candidatos", disse.
Nenhum dos candidatos fez campanha nas ruas ontem.


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