São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2008

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Protógenes diz ter pago ex-agente com verba da Satiagraha

Delegado da PF, responsável pela operação, afirma que atuação de Ambrósio se restringia a "analisar documentos" e não incluía escutas

Ele classificou de "mentira" a informação de que escutas ilegais tenham origem no seu trabalho ou no da equipe da operação da PF


LUCAS FERRAZ
ENVIADO ESPECIAL A GOIÂNIA

O delegado Protógenes Queiroz afirmou ontem que ele mesmo pagou, com a verba da Operação Satiagraha, pelos trabalhos de Francisco Ambrósio do Nascimento, agente aposentado do extinto SNI (Serviço Nacional de Informações), órgão antecessor da Abin (Agência Nacional de Inteligência).
O agente foi apontado pela revista "IstoÉ" como o responsável pelas supostas escutas ilegais contra 18 senadores, 26 deputados, ministros do governo e autoridades do Judiciário.
Protógenes disse que a atuação de Ambrósio se restringiu a só "analisar documentos", e não acessar ou fazer escutas. Como chefe da investigação que levou à prisão Daniel Dantas, Naji Nahas e Celso Pitta, o delegado tinha verba (secreta) e autonomia para contratar serviços ou pagar por informações.
Sem vínculo formal com a PF ou a Abin, Ambrósio, aposentado em 1998, passou a colaborar com a Satiagraha no início do ano e trabalhou na sede da PF, em Brasília. Seu trabalho acabou em 8 de julho, segundo Protógenes, quando a operação foi deflagrada. Segundo a Folha apurou, ele recebia R$ 9.000 por mês na Satiagraha e já havia sido contratado em outras investigações.
Afastado do inquérito, o delegado foi ontem a debate na Câmara de Goiânia e classificou de "mentirosas" informações de que grampos, como a interceptação de conversa entre o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM), tenham origem no seu trabalho ou no da equipe da Satiagraha. "Isso é montagem, uma inverdade, mentira." Ele disse que não houve "nada ilegal" na condução da Satiagraha e que a suspeita de interceptação ilegal foi "lançada" por um órgão de imprensa.
"Cria-se uma interceptação, um possível caso de interceptação clandestina envolvendo dois importantes nomes da República. Cadê o áudio? Eu quero ouvir o áudio, quero ver o equipamento. Eu entendo, como o presidente [Lula] foi muito feliz, ele falou: "queria que nesse momento, por dever, o órgão que lançou tal suspeita, de dar o caminho". Conserve a fonte mas dê o caminho. Dê o caminho para a PF, para o Ministério Público e para a Justiça". A informação foi publicada pela revista "Veja".
Assessoria de Mendes disse que não teria o que comentar porque Protógenes não o citou. A editora Abril, que edita a "Veja", não se manifestou.


Colaborou VALDO CRUZ , da Sucursal de Brasília


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