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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
Justiça quebra os sigilos bancário e fiscal de empresário ligado a tucano
Abel Pereira foi acusado pela família Vedoin de intermediar liberação de verbas no Ministério da Saúde
PF vai interrogar hoje os Vedoin sobre interesse do empresário no dossiê; quebra de 650 cadastros de telefone foi autorizada
DA ENVIADA ESPECIAL A CUIABÁ
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Justiça Federal de Mato
Grosso determinou, a pedido
do Ministério Público Federal,
a quebra dos sigilos bancário e
fiscal do empresário Abel Pereira, ligado ao ex-ministro da
Saúde e atual prefeito de Piracicaba, Barjas Negri (PSDB).
Além disso, a Polícia Federal
irá interrogar hoje, novamente,
Darci e Luiz Antonio Vedoin.
Dessa vez, eles serão questionados sobre a suposta tentativa
de Abel Pereira de comprar o
dossiê que seria utilizado pelos
petistas para atacar a campanha do hoje governador eleito
de São Paulo, José Serra.
O empresário tem negócios
em Piracicaba e, segundo os
Vedoins disseram em entrevista à revista "IstoÉ", na ocasião
em que Negri foi ministro da
Saúde, Pereira atuava como intermediário para liberação de
emendas de interesse da máfia
dos sanguessugas, que desviava
dinheiro público destinado a
compras de ambulância.
O delegado Diógenes Curado, que comanda as investigações relacionadas ao dossiê,
reuniu-se ontem em Cuiabá
com o delegado Luiz Flávio
Zampronha, responsável pela
análise das operações financeiras por meio das quais o dinheiro suspeito foi reunido.
Questionado sobre se a PF
encontrará o dono do dinheiro
antes do segundo turno, no dia
29, Curado afirmou que tem
disposição mas não a certeza de
que chegará ao resultado do
trabalho neste tempo. "Eu quero dar uma resposta, mesmo
que eu diga que é impossível ter
a informação. Mas, pelo menos,
até antes da eleição eu quero
ter essa informação", afirmou.
Segundo Zampronha e Curado, a PF já está na quebra de sigilo do que seria a "quarta camada de operações financeiras", cuja origem é a compra, no
sistema financeira americano,
de um lote de US$ 15 milhões
de dólares pelo banco Sofisa no
dia 27 de agosto.
Do montante, US$ 110 mil
em cédulas seriadas foram parar no bolo de dinheiro que seria usado para comprar o dossiê, mas acabou apreendido pela PF no dia 15 de setembro.
No momento, a investigação
busca eventuais vínculos entre
mais de 30 casas de câmbio,
que operam em diferentes Estados, e os personagens envolvidos no dossiê. O foco do levantamento da PF está no Rio
de Janeiro e em Florianópolis.
A pedido da PF, a Justiça
concedeu ontem a quebra de sigilo referente a 650 cadastros
de linhas telefônicas que acionaram ou foram acionadas pelos investigados.
Os policiais também encaminharam ao juiz titular da 2ª. Vara da Justiça Federal do Mato
Grosso, Jeferson Schneider,
um conjunto de documentos
-fitas de vídeo e extratos bancários, papéis com anotações e
agenda- apreendidos em escritórios e casas dos Vedoin.
O material será utilizado para preparar o interrogatório no
qual ele deve esclarecer qual a
participação de Abel no episódio do dossiê.
Ao investigar a tentativa de
Vedoin de vender o dossiê contra os tucanos, a PF identificou
três ligações de Pereira para
um ex-cunhado de Vedoin em
14 de setembro, data em que os
petistas teriam fechado negócio para comprar o dossiê e véspera da apreensão do dinheiro
suspeito no hotel Ibis Congonha, em São Paulo.
No diálogo, Pereira diz que
precisa falar com Luiz Antonio
Vedoin e pede retorno das ligações.
(ANDRÉA MICHAEL, HUDSON CORRÊA E LEONARDO SOUZA)
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