São Paulo, domingo, 11 de novembro de 2001

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Gestão usa jargão da modernidade

DO ENVIADO ESPECIAL

O Maranhão da família Sarney, que comanda o Estado, os principais veículos de comunicação, uma rede de negócios e até o carnaval fora de época de São Luís, o Marafolia -realizado no final de outubro-, preserva os traços de oligarquia, mas encobertos por jargões da modernidade.
É o "mandonismo" típico dos coronéis nordestinos em sintonia com os tempos do Consenso de Washington -a cartilha de princípios adotada pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) e pelo Banco Mundial desde o início dos anos 90, que impôs um modelo de gestão "profissional".
O flerte com o novo modelo levou ao pé da letra a troca da grade estatal pelo figurino de mercado. No Maranhão, os secretários estaduais são chamados de gerentes. Existem oito, apoiados por uma rede de subgerentes e auxiliares -espécie de balconistas da loja do consumidor dos serviços oficiais comandada por Roseana, formada em ciências sociais.
Os guichês para tirar documentos e resolver outras pendengas burocráticas de varejo também seguem a nomenclatura da moda neoliberal: são chamados de "Shopping do Cidadão".
Recentemente, o programa teve o batismo mudado para "Viva Cidadão", mas apenas no papel. Os usuários, as telefonistas e as placas nas fachadas mantêm o "shopping" como destaque.
Somente as filas, compostas por levas de famílias carentes, guardam o velho semblante da miséria -não há jargão da modernidade maranhense que encubra. (XS)


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