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Gestão usa jargão da modernidade
DO ENVIADO ESPECIAL
O Maranhão da família Sarney,
que comanda o Estado, os principais veículos de comunicação,
uma rede de negócios e até o carnaval fora de época de São Luís, o
Marafolia -realizado no final de
outubro-, preserva os traços de
oligarquia, mas encobertos por
jargões da modernidade.
É o "mandonismo" típico dos
coronéis nordestinos em sintonia
com os tempos do Consenso de
Washington -a cartilha de princípios adotada pelo FMI (Fundo
Monetário Internacional) e pelo
Banco Mundial desde o início dos
anos 90, que impôs um modelo de
gestão "profissional".
O flerte com o novo modelo levou ao pé da letra a troca da grade
estatal pelo figurino de mercado.
No Maranhão, os secretários estaduais são chamados de gerentes.
Existem oito, apoiados por uma
rede de subgerentes e auxiliares
-espécie de balconistas da loja
do consumidor dos serviços oficiais comandada por Roseana,
formada em ciências sociais.
Os guichês para tirar documentos e resolver outras pendengas
burocráticas de varejo também
seguem a nomenclatura da moda
neoliberal: são chamados de
"Shopping do Cidadão".
Recentemente, o programa teve
o batismo mudado para "Viva Cidadão", mas apenas no papel. Os
usuários, as telefonistas e as placas nas fachadas mantêm o
"shopping" como destaque.
Somente as filas, compostas por
levas de famílias carentes, guardam o velho semblante da miséria
-não há jargão da modernidade
maranhense que encubra.
(XS)
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