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QUESTÃO AGRÁRIA
180 famílias invadem duas fazendas em Taubaté; PM foi acionada por proprietários, mas não houve conflito
MST faz 1ª invasão em SP após as eleições
FABIANA CORRÊA
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE
Um grupo de cerca 180 famílias
ligadas ao MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra)
invadiu sábado duas fazendas em
Pirancangaguá, no município de
Taubaté (130 km de São Paulo),
no Vale do Paraíba.
As invasões da fazenda Abrahão, de 78 hectares, e Esperança,
de 65 hectares, foram as primeiras
promovidas pelo MST em São
Paulo depois da eleição de Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), apoiado
pelo sem-terra na campanha.
Para evitar eventuais desgastes
ao então candidato petista, o MST
havia suspendido durante a campanha as invasões em todo o país.
As duas áreas ficam a cerca de 6
km da via Dutra. Ontem, as famílias armaram barracos de lona
preta nas áreas.
A Polícia Militar foi acionada
pelos proprietários, Adalberto
Abrahão de Carvalho, 58, e Geraldo Benedito Silva, 51, mas não
houve confronto com os sem terra. Carvalho e Silva registraram a
invasão na Polícia Civil.
A Folha procurou o presidente
do Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária),
Sebastião Azevedo, por seu telefone celular, que estava desligado. A
assessoria do Ministério do Desenvolvimento Agrário não comentou o assunto ontem.
Segundo um dos líderes do
MST no Vale, Valdemir Nascimento, as invasões em Taubaté
não haviam sido realizadas durante a campanha eleitoral porque as famílias que iriam participar estavam sendo preparadas.
"Precisamos estar com tudo organizado para fazer uma ocupação. Essas famílias [da invasão] já
estavam sendo preparadas desde
junho para que fizéssemos essa
ocupação", disse.
O grupo é formado, na versão
do líder do MST, por trabalhadores rurais de São José dos Campos, Tremembé e Taubaté que estão desempregados há dois anos.
"As terras que ocupamos são
improdutivas e precisamos provar que a reforma agrária é uma
questão importante. Não podemos e não queremos mais esperar
por uma política justa", disse.
As famílias estão alojadas em
cerca de 40 galpões de uma granja
da fazenda Abrahão. A propriedade já sediou a cooperativa agrícola Cotia. No grupo, há cerca de
50 crianças, segundo Nascimento.
As famílias tiveram autorização
dos proprietários, segundo o
MST, para utilizar a água e se
comprometeram a evitar depredações e a preservar o gado.
Reintegração de posse
Segundo Nascimento, não há
previsão de quando o grupo vai
deixar o local. "Sabemos que os
proprietários deverão entrar na
Justiça. Vamos ficar aqui até que
haja uma definição", afirmou.
A Folha não conseguiu falar
com os proprietários das áreas
ontem. Eles foram procurados em
suas casas e nas propriedades,
mas não foram localizados.
No entanto, segundo a delegada
Margarida Brasiliana Monteiro,
os proprietários já comentaram
durante depoimento que devem
encaminhar um pedido de reintegração de posse à Justiça.
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