São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 2008

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Protógenes afirma que não violou sigilos para a imprensa

DA REPORTAGEM LOCAL

O delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz negou ontem, por telefone, que tenha cometido ilegalidades ou promovido o vazamento, para a imprensa, de dados da Operação Satiagraha, que investigou o banqueiro Daniel Dantas e o grupo Opportunity. O delegado disse que "já esperava" as conclusões contidas no relatório preliminar do delegado da Corregedoria da PF em Brasília Amaro Vieira Ferreira, divulgadas ontem pelos jornais "O Globo" e "O Estado de S. Paulo".
"Eu sabia desde o início, quando abriram a investigação, que iriam me acusar. Coincidentemente, a investigação foi aberta depois que eu representei contra a cúpula da Polícia Federal, na Justiça Federal e na Procuradoria da República, as denúncias sobre as condições de trabalho que enfrentei durante a Satiagraha", afirmou o delegado.
Protógenes estava ontem em Zurique, na Suíça, onde participará, até o dia 14, como convidado da Fifa e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) de evento promovido para discutir a segurança em estádios de futebol no mundo. Protógenes presidiu inquéritos da PF que investigaram a parceria do Corinthians com a MSI e a chamada "máfia do apito", em que um juiz de futebol foi acusado de vender resultados.
Protógenes rebateu a alegação, contida no relatório de Amaro, de que tenha cometido violações legais. "Tudo picaretagem. Não houve violação de sigilo. Eles é que violaram o sigilo. Tudo que eu fiz tinha autorização", disse o delegado.
Na semana passada, a Folha divulgou que o delegado Amaro, ao investigar os procedimentos de Protógenes, quebrou sigilo telefônico de policiais e jornalistas supostamente sem ordem judicial. Em nota oficial, a direção geral da PF negou quaisquer irregularidades e defendeu Amaro.
"Pelo que já sei, houve abusos", disse Protógenes, que constituiu advogado para tentar obter cópias do inquérito policial. "Estou coletando dados para ver que medida tomar", disse. Na semana passada, em entrevista num hotel em São Paulo, o delegado havia dito que os policiais que fizeram buscas e apreensões no quarto em que estava hospedado não lhe apresentaram a cópia da ordem expedida pelo juiz federal Ali Mazloum.
O delegado também questionou as dúvidas manifestadas pela Corregedoria da PF sobre os gastos realizados ao longo da Satiagraha. Para ele, as despesas -que incluíram o pagamento de informantes ou colaboradores da PF, prática, segundo ele, prevista em lei- comprovarão que a PF não lhe deu a estrutura adequada para as investigações, fazendo com que ele buscasse apoio em outras fontes.
Em outras oportunidades, como no depoimento que prestou à CPI do Grampo, em Brasília, Protógenes disse que a participação de funcionários da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na Satiagraha é respaldada em lei federal que criou o Sisbin (Sistema Brasileira de Inteligência). (RV)


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