São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 2005

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TERRA SEM LEI

Familiares visitam hoje túmulo em Anapu

Irmãos da freira perdoam matador e esperam punição dos mandantes

Jefferson Coppola/Folha Imagem
Rayfran das Neves Sales, o Fogoió (à dir.), é levado ao plenário do Tribunal de Justiça de Belém para ouvir a sentença que o condenou a 27 anos de prisão pelo assassinato de Dorothy Stang


DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

Logo após o julgamento que condenou os assassinos da missionária Dorothy Stang, os irmãos da freira, David Stang e Margarita Stang Holm, presentes na audiência, consideraram como justa a sentença aplicada aos matadores.
Ambos declararam que perdoavam Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, autor dos seis disparos que mataram a religiosa, e seu cúmplice, Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo, pois "a justiça foi feita". "Foi um crime horrível matar minha irmã de 73 anos. Foi uma coisa horrorosa chamá-la de velha, sem respeito. Ela era uma pessoa maravilhosa. Mas tenho o perdão no meu coração, pois Dorothy está no céu e os assassinos, presos", disse David Stang, 68.
O irmão da missionária morta pediu também justiça para todos os sem-terra e líderes rurais ameaçados de morte no Pará. "O Pará tomou um passo muito firme rumo à justiça. Estamos felizes. Nós abraçamos esse movimento dos camponeses", disse.
Os irmãos da religiosa disseram que retornam para os EUA para os festejos de Natal, que, em razão das condenações, será uma festa feliz. Avisaram, porém, que vão retornar ao Brasil quantas vezes forem necessárias para acompanhar o processo que acusa Amair Feijoli da Cunha, o Tato, Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, e Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, de intermediário e mandantes do crime, respectivamente.
Margarita Stang Holm, 72, irmã de Dorothy, afirmou que o dia de ontem entrou na história. "Hoje [ontem] é um dia que ficará na história. Minha irmã está abençoando a todos", disse. Eles voltam amanhã aos EUA. Hoje visitam o túmulo da freira em Anapu.
Na praça Felipe Patroni, onde estavam 400 pessoas, entre sem-terra e religiosos, a única manifestação contrária à sentença partiu de um sem-terra, Raimundo Fonseca, 42, que defendia uma pena maior: "Estamos revoltados com essa injustiça". (KÁTIA BRASIL)


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