São Paulo, Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GOVERNO
Tucano declara que, enquanto não disser o contrário, titular do Ministério da Defesa permanece no cargo
Presidente evita confirmar demissão

da Reportagem Local

O presidente Fernando Henrique Cardoso recusou-se a confirmar ou negar diretamente a saída do ministro da Defesa, Elcio Alvares. Ao chegar em feira ontem pela manhã em São Paulo, FHC foi questionado por jornalistas sobre o futuro do ministro. A resposta foi curta: "Isso não é matéria para ser discutida aqui. Ministro meu, enquanto eu não disser que não é, é ministro e tem todo o meu apoio".
A permanência de Alvares no ministério está abalada desde a decisão da CPI do Narcotráfico de investigar sua assessora especial, Solange Antunes Resende, já demitida. O caso terminou provocando também a exoneração do comandante da Aeronáutica, brigadeiro Walter Bräuer, por seus comentários sobre o assunto, classificados pelo Palácio do Planalto como insubordinação. O episódio abriu uma crise na Aeronáutica e expôs a fragilidade do ministro no exercício do cargo.

Desavenças
Na rápida entrevista, FHC procurou minimizar as desavenças políticas entre ele e o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Na segunda-feira, ACM disse que ele e o presidente "se amavam". Fernando Henrique afirmou que há "exploração" sobre as relações entre eles.
"Você acha que o presidente da República vai disputar espaço? Não tem sentido isso. Há exploração nessa matéria", disse o presidente, respondendo sobre a suposta disputa entre ele e ACM.
FHC ressaltou o comportamento de ACM no Congresso em favor do governo e admitiu haver diferenças de estilo entre ambos. "Eu já disse que o senador Antonio Carlos tem ajudado sempre o governo nas votações, que é o que eu espero dele."
"O senador Antonio Carlos tem um estilo de política, eu tenho outro, o que não impede que estejamos, numa matéria de importância para o Brasil, trabalhando em conjunto." E concluiu: "Atribuem a mim iras a todo instante. Ainda bem que às vezes atribuem também bom humor".

Paralisia
Fernando Henrique afirmou que o governo fará um grande esforço pela aprovação da emenda constitucional que cria a DRU (Desvinculação da Receita da União), substituta do FEF (Fundo de Estabilização Fiscal). O projeto está na pauta da Câmara. Segundo ele, sem a medida várias obras serão paralisadas (leia na pág. 1-12).
"Se não houver essa desvinculação, não há aprovação do Orçamento. Não havendo aprovação do Orçamento, nós temos uma paralisação de obras, uma paralisação de muita coisa importante, inclusive no que diz respeito ao compromisso nosso que é o ressarcimento de parte da Lei Kandir (que isenta do pagamento de ICMS produtos de exportação)", disse, ao lado dos governadores Mário Covas (SP) e Olívio Dutra (RS), dois críticos da Lei Kandir.
No final, o presidente ironizou o nome do novo fundo. "Agora chama-se DRU. É cada nome que custa a entender a que se refere."


Texto Anterior: FHC decide tirar Alvares do Ministério da Defesa
Próximo Texto: Estratégia ameaça mudança de imagem de tucano
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.