São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2005

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Elite governou de forma equivocada, diz petista

LUCIANA CONSTANTINO
ENVIADA ESPECIAL A CARUARU

Pela primeira vez desde o Fórum Social Mundial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou ontem de "desagradável" o fato de um político ser impedido de participar de um ato devido a vaias e voltou a criticar a elite, a quem atribuiu ter governado o país de "forma equivocada".
Ao falar sobre o esforço que fez para chegar à Presidência, disse: "Eu tive paciência para perder três eleições. E, a cada uma que eu perdia, eu voltava para casa e falava: vou ganhar a próxima. Disputei mais duas e não ganhei. Para ganhar eu sei o que nós tivemos que fazer. E podem ficar certos que eu não jogarei fora esta oportunidade extraordinária, não de ser presidente, mas de mostrar que a elite brasileira governou este país de forma equivocada durante muitos anos".
Lula fez a afirmação sobre as vaias ao defender os pefelistas Tony Gel, prefeito de Caruaru, e Mendonça Filho, vice-governador de Pernambuco, que tiveram seus discursos interrompidos por vaias de um grupo petista durante a inauguração da clínica odontológica Asa Branca, em Caruaru.
O presidente disse que as vaias serão "uma tônica daqui para frente nos lugares" por onde passar e lembrou quando foi vaiado por membros do PSOL em Porto Alegre, no mês passado.
"É sempre muito desagradável quando você vem para uma inauguração que não tem disputa política, e uma autoridade não consegue fazer um ato. Tive uma experiência no Fórum Social Mundial, onde havia 12 mil pessoas e tinha 60 ou 70 pessoas de um partido recém-saído do PT. O que a imprensa deu destaque foi a vaia, quando poderia ter dado que 12 mil aplaudiram e cem vaiaram."
O presidente reiterou que vaias são um "exercício democrático da população, que a gente tem que aprender a conviver".

Goró
Ao defender o decreto presidencial que autoriza a venda fracionada de medicamentos, que ainda será regulamentado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Lula brincou: "Veja que absurdo. Você tomou uns gorós a mais, levantou com dor de cabeça e quer tomar um comprimido. Vai na farmácia e tem que comprar um envelope. Toma um e o resto fica na cesta de remédio".
Após o Fórum Nacional da Livre Iniciativa na Educação, que reúne entidades de ensino superior particulares, praticamente pedir a substituição da proposta de reforma universitária, o presidente Lula saiu ontem em defesa da medida. "Tem gente que não aceita nenhuma reforma, nem da casa. Eu acho que precisamos fazer [a universitária]."
Antes, em Surubim (124 km de Recife), Lula comemorou o crescimento de 8,3% da indústria brasileira em 2004. "Daqui para a frente, gente, não tem choro nem vela", afirmou. A expansão do ano passado, disse, é a demonstração que o governo encontrou "o caminho [do crescimento]".


Colaborou FÁBIO GUIBU, da Agência Folha, em Surubim

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