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Elite governou de forma equivocada, diz petista
LUCIANA CONSTANTINO
ENVIADA ESPECIAL A CARUARU
Pela primeira vez desde o Fórum Social Mundial, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva classificou ontem de "desagradável" o
fato de um político ser impedido
de participar de um ato devido a
vaias e voltou a criticar a elite, a
quem atribuiu ter governado o
país de "forma equivocada".
Ao falar sobre o esforço que fez
para chegar à Presidência, disse:
"Eu tive paciência para perder
três eleições. E, a cada uma que eu
perdia, eu voltava para casa e falava: vou ganhar a próxima. Disputei mais duas e não ganhei. Para
ganhar eu sei o que nós tivemos
que fazer. E podem ficar certos
que eu não jogarei fora esta oportunidade extraordinária, não de
ser presidente, mas de mostrar
que a elite brasileira governou este país de forma equivocada durante muitos anos".
Lula fez a afirmação sobre as
vaias ao defender os pefelistas
Tony Gel, prefeito de Caruaru, e
Mendonça Filho, vice-governador de Pernambuco, que tiveram
seus discursos interrompidos por
vaias de um grupo petista durante
a inauguração da clínica odontológica Asa Branca, em Caruaru.
O presidente disse que as vaias
serão "uma tônica daqui para
frente nos lugares" por onde passar e lembrou quando foi vaiado
por membros do PSOL em Porto
Alegre, no mês passado.
"É sempre muito desagradável
quando você vem para uma inauguração que não tem disputa política, e uma autoridade não consegue fazer um ato. Tive uma experiência no Fórum Social Mundial,
onde havia 12 mil pessoas e tinha
60 ou 70 pessoas de um partido
recém-saído do PT. O que a imprensa deu destaque foi a vaia,
quando poderia ter dado que 12
mil aplaudiram e cem vaiaram."
O presidente reiterou que vaias
são um "exercício democrático da
população, que a gente tem que
aprender a conviver".
Goró
Ao defender o decreto presidencial que autoriza a venda fracionada de medicamentos, que ainda
será regulamentado pela Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância
Sanitária), Lula brincou: "Veja
que absurdo. Você tomou uns gorós a mais, levantou com dor de
cabeça e quer tomar um comprimido. Vai na farmácia e tem que
comprar um envelope. Toma um
e o resto fica na cesta de remédio".
Após o Fórum Nacional da Livre Iniciativa na Educação, que
reúne entidades de ensino superior particulares, praticamente
pedir a substituição da proposta
de reforma universitária, o presidente Lula saiu ontem em defesa
da medida. "Tem gente que não
aceita nenhuma reforma, nem da
casa. Eu acho que precisamos fazer [a universitária]."
Antes, em Surubim (124 km de
Recife), Lula comemorou o crescimento de 8,3% da indústria brasileira em 2004. "Daqui para a
frente, gente, não tem choro nem
vela", afirmou. A expansão do
ano passado, disse, é a demonstração que o governo encontrou
"o caminho [do crescimento]".
Colaborou FÁBIO GUIBU, da Agência
Folha, em Surubim
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