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Investigar desde 1998 é arbitrário, diz FHC
Indagado se houve problemas com cartões em sua gestão, afirmou que "essas coisas não passam diretamente pelo presidente"
Ex-presidente afirma que PSDB não vai "obstaculizar" a investigação, mas não vê fato que justifique estender os trabalhos para sua gestão
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso (PSDB-SP)
disse ontem considerar "arbitrária" a decisão de parlamentares da base do governo de ampliar para o ano de 1998 a investigação de uma futura CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre o uso dos cartões
corporativos -ele governou o
país entre 1995 e 2002.
Segundo FHC, não há "fato
determinado" que justifique
investigações sobre anos anteriores aos atuais problemas
apontados pela imprensa no
uso dos cartões corporativos.
O ex-presidente disse, contudo, que não teme a investigação
e que o PSDB deverá apoiar a
instalação da CPI. Indagado se
durante sua gestão houve problemas no uso do cartão, respondeu: "Essas coisas não passam diretamente pelo presidente. Certamente não tinha
[questionamento], nem pelo
TCU [Tribunal de Contas da
União] nem pela imprensa e
por nenhum deputado".
"Em primeiro lugar, não tenho nenhum problema [na
apuração dos gastos a partir de
1998]. Mas do ponto de vista da
Constituição, é preciso haver
um fato determinado", declarou o ex-presidente. Ele mencionou o artigo 58 da Constituição, que autoriza o Congresso
Nacional a instalar comissões
parlamentares de inquérito
"para a apuração de fato determinado e por prazo certo".
Segundo o ex-presidente, há
hoje três situações que justificariam a abertura de uma CPI
para apurar o uso dos cartões
pelo atual governo -condições
que estariam ausentes do período 1998-2002. "A quantidade muito grande de cartões nas
mãos de funcionários públicos,
o [alto] volume de saques em
dinheiro e o abuso de alguns
ministros. Essas são as três situações [atuais]", disse FHC.
"Os cartões foram criados em
2001. Agora decidem investigar
a partir de 1998. É [decisão] arbitrária, política. Não vi qual é o
fato determinado. Que ponham
primeiro um fato", disse o ex-presidente. Ele negou, contudo, que o PSDB vá embaraçar as
investigações. "Não me disponho a encobrir erros. Não vejo
razão para obstaculizar."
O ex-presidente disse que em
sua gestão, ao que se recorde,
não havia gastos considerados
sigilosos no orçamento do Palácio do Planalto, com exceção
daqueles ligados à segurança
presidencial.
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