São Paulo, terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

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Acordo com o governo faz ex-presidente atuar para restringir investigações da CPI

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Classificado pela cúpula tucana como "precipitado", o acordo do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) com o governo na eventual CPI dos Cartões Corporativos mobilizou ontem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e auxiliares numa varredura de dados, seguida de articulações para tentar barrar investigações das chamadas contas "tipo B" -depósitos em conta de servidores sacados em dinheiro com apresentação posterior de notas.
Irritado com a ampliação do foco da CPI, FHC questionou os líderes do partido no Congresso sobre a atuação de Sampaio e cobrou dos senadores interferência nas negociações com o líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR).
À tarde, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), reuniu-se com o secretário de Organização do partido, Eduardo Jorge, ex-secretário-geral da Presidência na gestão FHC. Jorge ficou encarregado de coletar dados sobre o período e checar que tipo de documentação estaria arquivada, assim como o acesso a ela.
Os tucanos também reclamaram da contra-ofensiva do PT aos cartões do governo José Serra (PSDB-SP). "Esse negócio de remeter a São Paulo é sacanagem pura", disse Guerra.
No Congresso, Guerra e o líder do partido no Senado, Arthur Virgílio (AM), avaliaram que recuar na criação da CPI agora geraria custo político e que não teria o apoio do DEM. Consultado, FHC disse que só concordava com a CPI caso o requerimento fosse taxativo em dizer que os cartões corporativos foram "instituídos" em 2001, no final de sua gestão.
O assunto voltará a ser debatido em almoço dos integrantes da Executiva Nacional do partido amanhã, em Brasília.
O ex-presidente também enviou fax e documentos destinados a rebater informações de que um dos seus seguranças em São Paulo, Eduardo Sacillotto, teria abusado do cartão. Governistas na Câmara acusaram o segurança de ter abastecido o carro que escolta o ex-presidente mais de uma vez na mesma data num posto na capital.
FHC enviou documentos que atestariam se tratar de dois carros, um Ômega e um Marea, e contestou duas datas lançadas no Portal da Transparência, da CGU -11 de abril de 2005 e 6 de agosto de 2007.
No final do dia, Guerra chamou Sampaio para uma reunião. Após o encontro, Sampaio negou ter sido advertido.
(SILVIO NAVARRO)


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