São Paulo, terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

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Lula busca pacto com PSDB e evita pressão da base

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao investir num acordo com a oposição para realizar uma CPI mista dos cartões corporativos, o governo Luiz Inácio Lula da Silva fez um aceno de paz para o PSDB, segundo apurou a Folha. Lula sinalizou que não interessaria aos petistas nem aos tucanos entrar de novo em guerra total no Congresso, como na batalha da CPMF.
Lula avaliou que seria alto o custo de abafar uma CPI mista. Deputados da base de sustentação do governo costumam usar as oportunidades de CPI para ameaçar assinar o requerimento e obter cargos ou verbas para não dar gás à investigação.
Na opinião do governo, a repercussão pública do caso torna inevitável uma CPI. Nesse cenário, melhor tentar um acordo com a oposição que ficar brigando com PSDB e DEM no Senado para ver quem instala primeiro uma CPI apenas desta Casa.
O governo mudou de posição após o Carnaval. Antes contrário a qualquer CPI, decidiu investir numa apuração somente no Senado, estender a investigação ao governo FHC e envolver no imbróglio os tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves.
Foi uma decisão para mostrar ao PSDB que o governo não seria acuado. No Planalto dá-se como perdida qualquer chance de acordo com o DEM, partido de linha oposicionista mais radical. Agora seria a hora de buscar alguma distensão com o PSDB. Daí o acordo para aceitar a CPI mista, como quer a oposição, e definir limites na investigação para poupar as famílias de Lula e de FHC. Havendo distensão em Brasília, Lula estimularia o PT paulista a suavizar com Serra.
Ao retornar ontem de nove dias de folga, Lula comemorou a articulação do governo no caso em reunião com os ministros da coordenação política: ele avalia que o Planalto deu um "nó" na oposição ao ter se antecipado ao pedido de criação de uma CPI e ter incluído a gestão FHC na investigação.


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