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Sob pressão, Senado vai controlar hora extra
Casa decide usar sistema de ponto eletrônico após denúncia de que R$ 6,2 mi foram pagos durante férias de senadores
Primeiro-secretário propõe cancelar reajuste de valor de benefício, mas volta atrás; devolução de abono de janeiro cabe a cada senador
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Senado decidiu implementar um sistema de controle de
ponto de hora extra em resposta à denúncia de que houve pagamento de R$ 6,2 milhões do
benefício durante o período de
janeiro, quando os senadores
estavam de férias e não houve
trabalho parlamentar na Casa.
Num primeiro momento, os
funcionários terão que assinar
lista de presença, depois deverá
ser instalado ponto eletrônico.
A resposta da Casa para a denúncia pode se resumir a essa
medida. A decisão sobre a devolução do dinheiro pago aos servidores caberá a cada senador.
O primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), disse
que seria uma "injustiça" pedir
a devolução do dinheiro a todos
os servidores e repassou a responsabilidade a seus colegas.
Ele irá encaminhar um questionário para cada gabinete para que seja checado quem realmente trabalhou.
Heráclito ainda definiu que
os servidores obrigados a devolver o valor poderão fazê-lo
em dez prestações. "Não caberia uma caça às bruxas. Apelo
aos gabinetes para que vejam
quem realmente trabalhou."
Heráclito divulgou ontem
parecer da advocacia geral do
Senado sobre o pagamento de
horas extras durante o recesso.
"Não há, em nenhuma norma
que trate do tema, vedação à
prestação de serviço extraordinário durante o período de recesso legislativo", diz o texto.
Com relação ao reajuste de
111% no teto pago pela hora extra, Heráclito chegou a afirmar,
pela manhã, que isso seria revisto, mas depois voltou atrás.
O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), cobrou
ontem da Casa "medidas que
sejam efetivas e até mesmo radicais" ao considerar que "errado é o servidor receber hora extra sem trabalhar". Ele defendeu a devolução do dinheiro.
"Não quero dar conselho a
ninguém, mas acho que seria a
melhor maneira de erguer a
imagem da instituição. Isso é
uma decisão de cada um, mas
seria uma boa solução para todos nós", disse. Sarney determinou aos seus assessores que
devolvam o dinheiro.
Outros três senadores já enviaram ofício à direção da Casa
comunicando que vão devolver
o valor. São eles: Aloizio Mercadante (PT-SP), Álvaro Dias
(PSDB-PR) e Tasso Jereissati
(PSDB-CE). A maioria, no entanto, se recusa a pedir a devolução. "Se tiver que devolver,
vou fazer empréstimo e pagar
do meu bolso", disse Wellington Salgado (PMDB-MG).
Em outubro de 2008, o Senado mudou a regra para pagar
hora extra. Até então, os servidores de gabinete só podiam receber o benefício por trabalho
adicional de terça a quinta. Hoje se pode contabilizar hora extra também de segunda e sexta,
quando não há sessões deliberativas no plenário.
Na reunião da Mesa marcada
para hoje, Heráclito deverá
propor o ponto eletrônico para
que os funcionários do Senado
possam registrar presença.
"Mas de imediato tentaremos
adotar a mesma medida da Câmara, que é o uso de lista de
presença." Atualmente não há
nenhum tipo de controle.
Na Câmara, 610 servidores
receberam hora extra pelo mês
de janeiro, o que custou à Casa
R$ 653 mil.
(ANDREZA MATAIS E ADRIANO CEOLIN)
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