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ANÁLISE
Google de Lula não resiste à 1ª busca
ALEC DUARTE
EDITOR-ASSISTENTE DE BRASIL
Imagine se o Google fizesse
buscas apenas dentro de si,
apresentando como resultados
unicamente ocorrências em sites próprios que detalham as
funcionalidades dos mais de
150 produtos ou aplicativos da
companhia. Pois é exatamente
isso que o Portal Brasil
(www.brasil.gov.br), chamado pelo presidente Lula de
"Google brasileiro", faz.
A comparação é descabida e
não resiste à primeira busca,
item em que o Google (o de verdade) construiu a sua sólida reputação de excelência. Como
explicar que o Flamengo, time
de futebol mais popular do
país, tenha só duas incidências
no Portal Brasil, enquanto o
PAC tinha, até ontem, 298?
Fácil: o portal é, no máximo,
um Google do governo do Brasil (ou o "espaço institucional
do Estado brasileiro na internet", como se apresenta) e não
tem a extensão que a já conhecida megalomania presidencial
tentou conferir à página.
A própria busca dentro do site público nada tem a ver com a
eficiência da empresa que revolucionou o conceito de busca
com um algoritmo que leva em
conta a inteligência coletiva.
É o que supõem as parcas 94
vezes em que o nome de Lula
surge ao se fazer uma busca
simples no portal -dotado em
boa parte de material oficial
produzido pela Agência Brasil,
que cobre fartamente as atividades diárias do presidente.
"Por exemplo, se um cidadão
qualquer do Chuí ou do Oiapoque quiser saber sobre cultura,
saber sobre Portinari, sobre Di
Cavalcanti, ele vai entrar no
portal e vai ver os quadros, as
pinturas desses grandes artistas brasileiros", disse Lula na
segunda, no programa "Café
com o Presidente".
Se o mesmo cidadão quiser
se informar sobre Ariano Suassuna, importante dramaturgo
popular brasileiro, porém, terá
de procurar outra fonte.
No Portal Brasil, o que surge
é o indefectível "não foram encontrados resultados". E, para
usar o exemplo de Lula, há sites
sobre Di Cavalcanti e Portinari
com muito mais substância.
As maiores críticas à página
chapa-branca até agora dizem
respeito apenas à sua instabilidade. Pudera: desde que foi
lançado, na quarta passada, o
portal passou ao menos três
dias fora do ar, o que é natural
diante da migração de conteúdo de mais de uma centena de
sites e inclusão de elementos
multimídia que não existiam.
O que não é normal é que
"novas demandas de ajustes de
configuração", conforme a justificativa oficial da Secom (Secretaria de Comunicação da
Presidência da República, responsável pelo produto), tenham sido detectadas após um
ano, 200 profissionais e R$ 11
milhões empenhados na tarefa.
Esses números são muito superiores aos de qualquer reforma técnica de um grande portal comercial, como o UOL
(quarto endereço mais acessado do Brasil, segundo a empresa de auditoria on-line Alexa).
A URL brasil.gov.br, que hospeda o portal de Lula, ocupa
apenas a 3.298ª posição no
mesmo ranking de acessos.
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