São Paulo, quarta-feira, 12 de abril de 2000


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PMDB já articula Temer na pasta

KENNEDY ALENCAR
da Reportagem Local

O tucano José Gregori deve ocupar temporariamente o Ministério da Justiça. O PMDB e o Palácio do Planalto têm planos de dar o posto ao peemedebista Michel Temer (SP), que deixará a presidência da Câmara no início do ano que vem.
Na tarde de ontem, enquanto era anunciada a queda de José Carlos Dias, peemedebistas e um auxiliar tucano do presidente Fernando Henrique Cardoso já preparavam o terreno para Temer.
O antecessor de Dias foi o peemedebista Renan Calheiros, senador que saiu atirando do governo em 99. O fato criou constrangimento para o relacionamento do PMDB com o Planalto. Na mesma época, o ministro das Comunicações, o tucano Pimenta da Veiga, tentou convencer FHC a romper com o PMDB.
Como naufragou a articulação de Pimenta, peemedebistas e tucanos recompuseram o relacionamento. O ministro da Saúde, José Serra, e Michel Temer foram os principais responsáveis por esse reatamento.
Agora o PMDB se sente no direito de pleitear o posto para Temer. Alega que a vaga já era do partido. O próprio FHC, em encontros com Temer no Palácio da Alvorada, brincou diversas vezes: ""Você ainda vai ser o meu ministro da Justiça".
Temer, por sua vez, nunca escondeu que a idéia lhe agrada. Em conversas reservadas, lembra que foi secretário da Segurança Pública de São Paulo e que gosta da área. Ex-professor de direito da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, ele dá aval à articulação, mas não a assumirá publicamente por motivos óbvios: ainda tem de presidir a Câmara até fevereiro de 2001 e não quer constranger Gregori.
Diante do pleito informal dos peemedebistas para guardar o posto para o presidente da Câmara, FHC optou por Gregori, um amigo que sonha ser ministro desde o começo do primeiro mandato, em 1995.
Gregori é uma peça que poderá ser removida no futuro sem causar traumas partidários. Pelo contrário. Por ser tucano, serve até como um trunfo para o PSDB tentar conseguir a presidência da Câmara quando Temer a deixar.
O PSDB vai argumentar que estará abrindo mão de um posto e que merece uma compensação.
No raciocínio de um tucano, a operação Gregori-Temer revela a disposição do PSDB e do PMDB de jogarem afinados politicamente na disputa de poder com o PFL dentro da aliança governista.
Desde que tiraram do PFL o posto de maior bancada na Câmara, em fevereiro, PSDB e PMDB fazem questão de mostrar o jogo casado, quem vem ocorrendo com incentivo de FHC.


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