São Paulo, quarta-feira, 12 de abril de 2000


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Gregori e FHC têm laço pessoal

da Sucursal de Brasília

O novo ministro da Justiça, José Gregori, é um dos amigos mais íntimos do presidente Fernando Henrique Cardoso há mais de 40 anos. Ele frequenta o Palácio da Alvorada nos fins-de-semana para horas de lazer, intimidade que FHC abre a poucos.
A mulher de Gregori, Maria Helena, é amiga da primeira-dama Ruth Cardoso e trabalha com ela no Comunidade Solidária. Os casais possuem sítios vizinhos em Ibiúna, interior de São Paulo. Ontem, Gregori passou boa parte do dia na companhia de Ruth Cardoso.
Ele sempre quis assumir a pasta da Justiça. Tentou substituir o primeiro ministro da Justiça de FHC, quando Nelson Jobim foi indicado para o Supremo Tribunal Federal. Gregori era seu chefe de gabinete e ocupou o cargo de ouvidor-geral da República.
Depois, foi cotado para substituir Iris Rezende, mas o cargo, na época, pertencia ao PMDB. O indicado pelo partido foi o senador Renan Calheiros.
Agora, vai suceder o quarto titular da Justiça no governo FHC, José Carlos Dias, no momento em que estava cotado para assumir cargo em um organismo internacional. Chegou a dizer a amigos que estava ultimando detalhes com o presidente para sua indicação.
No Congresso, aliados de FHC avaliam que Gregori pode permanecer no ministério até o início de 2001, quando termina o mandato do presidente da Câmara, Michel Temer, que poderia voltar a ocupar a pasta na cota do PMDB.
No Palácio do Planalto, a avaliação é rechaçada. Assessores de FHC dizem que Gregori deve ficar até o final do mandato.

Direitos humanos
José Gregori foi o primeiro brasileiro a ganhar o prêmio de direitos humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) em dezembro de 1998.
Na comemoração dos 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, ele recebeu o prêmio com mais quatro pessoas, incluindo o ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter.
Segundo a ONU, Gregori foi premiado por "sua luta desde os anos 50, buscando restabelecer a democracia no país, além dos programas nacional e regional de divulgação dos direitos humanos".
Durante sua gestão na Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Gregori foi o responsável pela lei que permitiu indenizar familiares de desaparecidos políticos durante o regime militar (1964-1985).
Também coube a ele a coordenação do Plano Nacional de Direitos Humanos. Sua ida para uma secretaria especial teve como objetivo acompanhar, no Congresso Nacional, a aprovação de leis para a regulamentação desse plano.
Além disso, priorizou a reestruturação do modelo atual das polícias militares. Para isso, Gregori defendeu o projeto do deputado federal Hélio Bicudo (PT-SP), que transfere para a Justiça comum todos os crimes cometidos por policiais militares, com exceção de formação de quadrilha e extorsão.


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