São Paulo, quarta-feira, 12 de abril de 2000


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Presidente da OAB e ministro do STF lamentam saída de Dias

da Sucursal de Brasília
da Reportagem Local



O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Celso de Mello também lamentou ontem a saída do de José Carlos Dias do Ministério da Justiça: "Lamento que um grande defensor da causa dos direitos humanos tenha sido, por razões conhecidas, afastado do cargo de ministro da Justiça. Mais do que o governo, o país perde com esse afastamento", disse.
"O papel que ele vinha desempenhando era altamente significativo para a consolidação das conquistas democráticas na área sensível sujeita à supervisão do Ministério da Justiça", disse.
O ministro do STF disse que o país perdeu "um grande interlocutor" no diálogo entre o Poder Público e representantes dos povos indígenas, minorias, organismos policiais e defensores de direitos do cidadão.
Mello elogiou a escolha de José Gregori como sucessor do ministro Dias. Afirmou que, a exemplo de Dias, o novo ministro "enfrentará grandes desafios", mas saberá solucioná-los.
"O ministro José Gregori é um nome que se tornou emblemático na atual administração e em face de seu comprovado envolvimento com a defesa dos princípios que regem a defesa dos direitos básicos da pessoa humana."
O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Reginaldo de Castro, também protestou contra a demissão de Dias. Ele disse que o governo perdeu "um de seus melhores quadros."
"Lamento profundamente a saída de José Carlos Dias do ministério. O seu trabalho sempre esteve pautado na defesa dos interesses da cidadania, com a qual a Ordem dos Advogados se identifica profundamente."
O advogado Saulo Ramos, ex-ministro da Justiça de José Sarney, afirmou lamentar o episódio porque "José Carlos Dias é um homem competente, que poderia prestar um bom serviço ao país".
Mesmo dizendo desconhecer os detalhes do afastamento, afirmou que tende a acreditar que "ele tinha razão em seu entrevero com o general encarregado do serviço de inteligência contra o narcotráfico". Essa área de inteligência, acrescentou Saulo Ramos, "tem sido menos eficiente que a CPI do Narcotráfico".
O advogado Dalmo Dallari considerou lamentável a saída de José Carlos Dias: "Em minha opinião, ele foi o melhor ministro da Justiça dos dois mandatos de FHC. Ele mostrou ser um conhecedor do ministério e implantou mudanças importantes".
Dallari disse ainda que a escolha de Gregori foi acertada, já que ele também é um homem digno: "Espero que ele continue o trabalho de José Carlos Dias".
Nelson Jobim, ministro do Supremo Tribunal Federal e ex-ministro da Justiça de FHC, de quem é amigo pessoal, disse que Dias é um homem respeitável, mas não quis comentar os motivos de sua saída, a seu ver "uma questão interna do governo".
Quanto a José Gregori, disse conhecê-lo há muito tempo, por tê-lo convidado para a chefia de seu gabinete no ministério. "É um homem altamente competente, com muita nitidez de princípios e grande capacidade de diálogo, o que me leva a crer que ele será um bom ministro da Justiça".


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