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INVESTIGAÇÃO AMERICANA
Água Nova Comércio e Serviços, sócia da MetroRED, pertence à família de ex-secretário de Maluf
Filho de malufista instalou redes em SP
da Sucursal do Rio
da Reportagem Local
A empresa Água Nova Comércio e Serviços, responsável pela
instalação das redes subterrâneas
de fibras ópticas na capital paulista da empresa MetroRED, pertence ao filho de Walter Coronado Antunes, que foi secretário
dos governos de Paulo Maluf no
Estado (80-83) e na prefeitura
(93-96).
A Água Nova e a MetroRED estão sendo investigadas pela Justiça dos EUA como parte de um suposto esquema de corrupção na
Prefeitura de São Paulo para
aprovação da construção de redes de fibras ópticas.
A empresa foi contratada pela
MetroRED Telecomunicações
para executar as obras que estavam sendo dificultadas pela Prefeitura de São Paulo.
A Água Nova está registrada em
nome de filhos do ex-secretário:
Walter Coronado Antunes Filho
e Rose Coronado Antunes.
Segundo a Folha apurou, o ex-secretário teria intermediado os
contatos entre a MetroRED e Flávio Maluf, filho do ex-prefeito
Paulo Maluf, para que a empresa
pudesse iniciar a construção da
rede sem ter de esperar pela regulamentação da prefeitura.
Segundo o mercado, a Água
Nova era uma empresa pequena
e ganhou exclusividade da MetroRED para as obras em São
Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Esses contratos somariam
cerca de R$ 15 milhões.
A aproximação com o ex-secretário Walter Coronado teria sido
feita pelo então diretor-geral da
MetroRED, Jorge Vital, que aparece na lista de investigados do
FBI e que acabou afastado da
companhia em março de 99.
Em março de 98, a MetroRED
obteve licença da Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações)
para construir redes e circuitos de
fibras ópticas em todo o país e explorar os serviços de transmissão
de voz, dados e vídeo em regime
privado. Pode oferecer os serviços para empresas -criando as
chamadas redes corporativas-,
mas não para o público em geral.
Além da MetroRED, outras 57
empresas obtiveram licenças para construção de redes de fibra
óptica.
Enquanto o governo federal
-por intermédio da Anatel-
facilitava a entrada de empresas
no mercado, em São Paulo (só a
região metropolitana representa
perto de 30% do mercado nacional), a prefeitura dificultava a
aprovação dos projetos.
Em abril de 98, a MetroRED e a
NetStream (que na época pertenciam ao grupo grupo Promon)
entraram com pedido de aprovação de seus projetos para construção de redes de fibras ópticas
no Convias.
Os projetos foram aprovados
pelos técnicos pelo Convias (departamento da Secretaria de Vias
Públicas), mas as empresas não
obtiveram licença para iniciar a
construção. A direção do órgão
alegou que a prefeitura deveria
cobrar pela licença e que as autorizações seriam dadas apenas
quando a regulamentação estivesse pronta.
Em outubro do mesmo ano, o
ex-secretário de Vias Públicas
Reynaldo de Barros baixou portarias autorizando a MetroRED,
Promon e BCP (operadora de celular da banda B na Grande São
Paulo que também necessitava
instalar cabos subterrâneos na cidade) a utilizar "em caráter precário e oneroso" as vias públicas
para instalação de equipamentos
de infra-estrutura urbana.
O Convias continuou não emitindo as licenças, alegando que a
portaria não tinha força legal para autorizar a construção das redes. Mesmo assim, amparadas
nessa portaria contestada, MetroRED e NetStream (grupo Promon) iniciaram as instalações.
Foi nesse ponto, segundo empresários, que entrou em ação o
ex-secretário Walter Coronado.
O suposto esquema de Flávio
Maluf visava garantir a continuidade das obras. Era um esquema
de proteção, resumiu uma das
fontes ouvidas pela Folha.
A regulamentação definitiva só
saiu em julho do ano passado,
quando o prefeito Paulo Maluf
editou o decreto 38.139 instituindo o TPU (Termo de Permissão
de Uso) das vias públicas para a
instalação dos cabos.
Outro lado
O administrador de empresas
Walter Coronado Antunes Filho,
dono da Água Nova Comércio e
Serviços Ltda., disse ontem à Folha que a prefeitura autorizou a
colocação de todas as redes de cabos de fibras ópticas instaladas
por sua empresa na cidade.
"Sempre trabalhei com autorização da prefeitura; tenho as autorizações emitidas pela Prefeitura de São Paulo", afirma Antunes
Filho. Mas, segundo ele, as autorizações eram enviadas à MetroRED e a Água Nova recebia apenas cópias delas. "Preciso verificar se ainda tenho as cópias."
Ele confirmou que trabalhou
para a MetroRED Telecomunicações Ltda, mas disse que precisaria verificar os contratos entre as
duas empresas para precisar o período no qual a Água Nova prestou serviços à MetroRED. "Prestei
serviços, construi a rede da MetroRED nos últimos dois anos."
Antunes Filho reclamou de a
Folha estar divulgando dados de
uma investigação que corre em sigilo nos Estados Unidos. "Como
eu vou me defender de um negócio que eu nem sei o que é?"
Ele disse que não tem relações
comerciais com a prefeitura. "Só
trabalho com empresas privadas.
Foi um conselho do meu pai."
O administrador reafirmou que
não tem relações com o empresário Flávio Maluf.
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