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São Paulo, sábado, 12 de abril de 2003

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Economista critica ênfase na questão fiscal

DA REPORTAGEM LOCAL

O economista Luiz Gonzaga Belluzzo criticou a prioridade dada pelo governo federal à questão fiscal como forma de reduzir a dívida pública do país, que está no documeto que define as estratégias para a política econômica divulgado anteontem pela Fazenda.
Segundo Belluzzo, a idéia é semelhante à que foi colocada em prática pelo governo anterior. "É a mesma idéia da equipe de Fernando Henrique Cardoso de que basta focar na situação fiscal para conseguir a estabilidade cambial e dos juros", disse Belluzzo, que auxiliou o PT durante a transição e é ligado à economista Maria da Conceição Tavares.
Para ele, é preciso priorizar também o superávit comercial e equacionar a balança de pagamento para reduzir a vulnerabilidade do país.
Analistas do mercado criticaram a adoção de uma política fiscal contracíclica, que permite reduzir a meta de superávit primário nos anos em que o crescimento da economia for menor que o estabelcido, a partir de 2005.
A idéia foi apresentada na quinta pelo ministro do Planejamento, Guido Mantega, e será incluída na Lei de Diretrizes Orçamentárias que o governo enviará ao Congresso na próxima semana.
Os especialistas consideram que a economia brasileira precisa melhorar sua situação fiscal antes de discutir eventuais reduções no superávit primário.
"Só podemos pensar nisso quando a relação dívida pública/PIB estiver em torno dos 40%", disse Sérgio Werlang, ex-diretor de Política Econômica do BC e membro da diretoria do banco Itaú. Segundo Werlang, o Brasil tem de acabar com sua vulnerabilidade e a única forma é ter um superávit elevado.
"Qualquer esforço extra na redução da dívida vale pontos a menos no risco Brasil e, como consequência, no câmbio e nos juros", disse Octávio de Barros, economista-chefe do banco BBV.
O economista Eduardo Berger, do Lloyds TSB, disse que a adoção dessa política só é possível se houver um sinal de que as contas do governo irão melhorar. "Ainda há muita incerteza quanto ao futuro", diz Berger.


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