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Funai quer punir garimpeiros em RO
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Mércio
Pereira Gomes, anunciou ontem,
por meio de sua assessoria, que o
órgão tomará medidas para tentar identificar e punir os garimpeiros que agrediram e tornaram
refém um índio cinta-larga na
praça de Espigão d'Oeste (a 534
km de Porto Velho, em Rondônia), em resposta a uma chacina
ocorrida na última quarta-feira na
terra indígena Roosevelt.
O índio, que ontem a Funai disse tratar-se de Marcelo Kakin Cinta-Larga, foi libertado por volta da
meia-noite de ontem, quase 12
horas após ter sido raptado por
garimpeiros quando caminhava
perto da delegacia da cidade.
O índio foi agredido a socos e
chutes e preso, com uma corda, a
uma árvore da praça da cidade.
Após uma tensa negociação, o índio foi transferido para o ginásio
de esportes. No caminho até lá
(300 m), um grupo de garimpeiros tentou tirá-lo das mãos dos
policiais militares.
Segundo o subcomandante da
PM na cidade, tenente Firmino
Aparecido, o major Vansderlei da
Costa, do 4º Batalhão da PM em
Cacoal (RO), recebeu uma pedrada, e outros soldados tiveram escoriações. No hospital, o major levou dez pontos na cabeça.
O coordenador da Funai Walter
Blós, 40, afirmou ontem que houve "tiroteio" entre os cinta-larga e
um grupo de garimpeiros na terra
indígena. Segundo ele, um índio
foi baleado na perna.
Pelo menos três garimpeiros
morreram. Ontem à tarde, a PF
(Polícia Federal) retirou os corpos
de helicóptero e os enviou para Ji-Paraná. Na versão de 16 garimpeiros que prestaram depoimento na
Polícia Civil, foi uma chacina promovida pelos índios contra os garimpeiros, e não um tiroteio. De
acordo com os depoimentos, um
grupo de 30 índios atacou a tiros
60 garimpeiros que faziam extração clandestina de diamantes. A
polícia estima que o número de
mortos possa ser 12.
A reserva possui uma jazida de
diamantes que em agosto de 2003
passou a ser explorada pelos índios. A indigenista Maria Inês
Hargreaves disse à Agência Folha
que conversou com os índios por
telefone via satélite. Na versão deles, o tiroteio durou três horas, em
"clima de guerra". Segundo Blós,
há exagero no relato. Ele, porém,
não soube precisar a duração do
confronto. Nas últimas semanas,
ainda segundo Blós, tinha aumentado o número de invasões
na terra indígena. "Na terça-feira
[um dia antes do confronto] os
índios pegaram 15 garimpeiros e
os entregaram nas barreiras
[montadas pela Polícia Militar em
entradas da reserva]", informou.
(RUBENS VALENTE e HUDSON CORRÊA)
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