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Entidades dos EUA criticam decisão
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
A representante da organização
Repórteres Sem Fronteiras nos
Estados Unidos, Tala Dowlatshahi, classificou a decisão do governo brasileiro de suspender o visto
do jornalista Larry Rohter como
"um caso clássico de censura", e o
presidente da ONO (Organização
dos Ombudsmans de Notícias),
Jeffrey Dvorkin, afirmou que a
atitude é "chocante".
A vice-presidente de comunicação corporativa do "New York Times", Catherine Mathis, afirmou
que não podia comentar a expulsão de seu jornalista do Brasil porque, quando procurada pela reportagem da Folha, já havia terminado o "horário comercial".
"Isso é um mau sinal para qualquer outro repórter, de qualquer
veículo, que queira apresentar
idéias críticas", declarou Dvorkin
sobre o caso. Segundo ele, o tipo
de decisão tomada pelo governo
Luiz Inácio Lula da Silva é comum
a países "como o Irã, ou o Iraque
sob Saddam Hussein".
"Estou surpreso. Conheço o
Brasil, é um país excelente, com
grandes jornalistas, com instituições culturais sólidas. Estou realmente surpreso", disse o presidente da associação internacional
de ombudsmans.
Reclamação ao ombudsman
Segundo Dvorkin, se a reportagem realizada pelo correspondente do "New York Times" no
Brasil de fato era incorreta
-Rohter terá que deixar o país
por ter relatado na edição do último domingo do jornal rumores
sobre um suposto abuso no consumo de álcool por parte do presidente Lula-, caberia ao governo
brasileiro fazer uma reclamação
ao ombudsman daquele jornal, e
não expulsar o jornalista do país.
Para a representante dos Repórteres Sem Fronteiras, o cancelamento do visto do jornalista do
"New York Times" é mais um caso "de censura por um repórter
escrever algo que não agrada a um
governo". Dowlatshahi afirma, no
entanto, que o governo brasileiro
teria o direito de realizar algum tipo de censura contra o repórter
"se a reportagem em questão fosse totalmente inventada". O que,
na sua opinião, "claramente não é
o caso".
Repercussão no mundo
Contactado pela Folha ontem à
noite, o diretor de liberdade de
imprensa da Sociedade Interamericana de Imprensa, Ricardo
Trotti, disse não conhecer a decisão, mas afirmou que "o caso vai
gerar repercussão no mundo todo, várias organizações vão protestar".
"Nosso comitê de liberdade de
imprensa vai analisar o caso. Se
houver problemas, só podemos
protestar, procurar as autoridades brasileiras e fazer pressão internacional", declarou.
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