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PT SOB PRESSÃO
Presidente avalia ter minimizado desgaste ao dividir líderes do protesto
Lula quer retaliar petistas dissidentes
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de ter ficado contrariado, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva avalia que conseguiu minimizar o desgaste do primeiro
protesto de peso contra seu governo, ao dividir os líderes da manifestação e deixar claro que não
serão feitas alterações significativas na reforma da Previdência.
Lula também deu ordem ao ministro da Casa Civil, José Dirceu,
para endurecer com os congressistas do PT que foram ao protesto. Pelo menos 26 deputados federais e uma senadora do partido
estiveram no ato.
Logo cedo, em reunião com
Dirceu, Lula disse, segundo a Folha apurou: "Quem é dissidente é
dissidente. Quem é companheiro
é companheiro". Pediu, então, a
Dirceu que os "dissidentes" não
tenham influência na distribuição
de cargos e verbas federais.
Lula reclamou com auxiliares
que todas as tendências petistas,
até as mais radicais, participam
do governo e deveriam arcar com
o bônus e o ônus disso.
Afirmou ainda, sempre segundo relato de auxiliares, que tinha a
obrigação de "governar o Brasil" e
que os dissidentes "deveriam descer do palanque".
Ainda na parte da manhã, o presidente do PT, José Genoino, reuniu-se com sindicalistas petistas
da CUT para pedir que não permitissem que a comissão que se
reuniria com ministros à tarde
fosse composta apenas por manifestantes hostis a Lula.
Recém-eleito presidente da
CUT, Luiz Marinho, sindicalista
petista ligado a Lula, organizou a
operação para compor a comitiva
que se encontrou com Dirceu, Ricardo Berzoini (Previdência) e
Luiz Dulci (Secretaria Geral). A
reunião transcorreu num clima
cordial e dividiu os líderes da manifestação. Na saída do Palácio do
Planalto houve bate-boca entre
eles.
Apesar de incômodo, o tom radical de parte dos manifestantes,
impedindo Marinho de discursar,
ajudou o governo, crê Lula, por
ter dividido os manifestantes.
As vaias ao líder do PT na Câmara, Nelson Pellegrino (BA),
também foram "comemoradas"
por membros do governo. Teriam servido de lição a Pellegrino
e desmontado o argumento da esquerda petista de que o protesto
não seria exatamente contra o governo, mas contra pontos da reforma previdenciária. Pellegrino é
da esquerda petista e chegou a defender a ida de toda a bancada ao
ato. Dirceu, porém, vetou a ida de
toda a bancada, o que gerou crise
ontem de manhã.
Auxiliares do presidente dizem
que o protesto não representou a
base social do PT totalmente porque tinha partidos de ultra-esquerda, como PSTU e PCO, e os setores mais contrariados do funcionalismo com a reforma.
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