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São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2003

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PT SOB PRESSÃO

Presidente avalia ter minimizado desgaste ao dividir líderes do protesto

Lula quer retaliar petistas dissidentes

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de ter ficado contrariado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que conseguiu minimizar o desgaste do primeiro protesto de peso contra seu governo, ao dividir os líderes da manifestação e deixar claro que não serão feitas alterações significativas na reforma da Previdência.
Lula também deu ordem ao ministro da Casa Civil, José Dirceu, para endurecer com os congressistas do PT que foram ao protesto. Pelo menos 26 deputados federais e uma senadora do partido estiveram no ato.
Logo cedo, em reunião com Dirceu, Lula disse, segundo a Folha apurou: "Quem é dissidente é dissidente. Quem é companheiro é companheiro". Pediu, então, a Dirceu que os "dissidentes" não tenham influência na distribuição de cargos e verbas federais.
Lula reclamou com auxiliares que todas as tendências petistas, até as mais radicais, participam do governo e deveriam arcar com o bônus e o ônus disso.
Afirmou ainda, sempre segundo relato de auxiliares, que tinha a obrigação de "governar o Brasil" e que os dissidentes "deveriam descer do palanque".
Ainda na parte da manhã, o presidente do PT, José Genoino, reuniu-se com sindicalistas petistas da CUT para pedir que não permitissem que a comissão que se reuniria com ministros à tarde fosse composta apenas por manifestantes hostis a Lula.
Recém-eleito presidente da CUT, Luiz Marinho, sindicalista petista ligado a Lula, organizou a operação para compor a comitiva que se encontrou com Dirceu, Ricardo Berzoini (Previdência) e Luiz Dulci (Secretaria Geral). A reunião transcorreu num clima cordial e dividiu os líderes da manifestação. Na saída do Palácio do Planalto houve bate-boca entre eles.
Apesar de incômodo, o tom radical de parte dos manifestantes, impedindo Marinho de discursar, ajudou o governo, crê Lula, por ter dividido os manifestantes.
As vaias ao líder do PT na Câmara, Nelson Pellegrino (BA), também foram "comemoradas" por membros do governo. Teriam servido de lição a Pellegrino e desmontado o argumento da esquerda petista de que o protesto não seria exatamente contra o governo, mas contra pontos da reforma previdenciária. Pellegrino é da esquerda petista e chegou a defender a ida de toda a bancada ao ato. Dirceu, porém, vetou a ida de toda a bancada, o que gerou crise ontem de manhã.
Auxiliares do presidente dizem que o protesto não representou a base social do PT totalmente porque tinha partidos de ultra-esquerda, como PSTU e PCO, e os setores mais contrariados do funcionalismo com a reforma.


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