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REFORMAS
Dos 38 integrantes, 24 são da base governista, mas seis deles já criticaram principais pontos do projeto do governo
Planalto e rebeldes disputam comissão da Previdência
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Câmara dos Deputados instalou ontem a comissão especial
que vai analisar a reforma da Previdência em meio a um embate
entre a articulação política do governo e setores da base aliada ao
Planalto. Enquanto alguns deputados declaradamente contrários
à proposta eram excluídos da comissão, outros eram indicados
pela liderança de partidos aliados.
A comissão tem 38 membros, e
os partidos que dão sustentação
ao presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, 24 -cinco a mais do que o
suficiente para aprovar as matérias de interesse do Planalto.
O problema é que o PTB, o PC
do B e o PDT indicaram seis deputados que acumulam várias
manifestações contrárias aos
principais pontos da proposta.
"Acho que o governo fez essa
proposta dura para ceder agora",
afirmou o deputado Roberto Jefferson (RJ), líder da bancada do
PTB, que indicou três deputados
que serão problema para o Planalto: Arnaldo Faria de Sá (SP),
Jair Bolsonaro (RJ) e Luiz Antonio Fleury (SP). Os dois últimos
chegaram a ser substituídos pelo
PTB na Comissão de Constituição
e Justiça na análise da reforma
porque tinham intenção de votar
contra o governo.
Um exemplo do que vem por aí:
"Isso é um crime, sou totalmente
contra [a limitação das pensões a
70% do salário do servidor], isso
está na Bíblia, ai daqueles que enganarem as viúvas", disse Bolsonaro ontem.
Jefferson disse que pediu moderação aos deputados, mas não que
deixem de defender seus pontos
de vista que colidam com os defendidos pelo governo.
O PDT foi outro exemplo. Indicou o ex-governador Alceu Collares (RS), que se notabilizou como
sendo a principal voz de oposição
ao governo na CCJ.
O PC do B entrou com a deputada Jandira Feghali (RJ), outra notória crítica da reforma. "Não tinha outro jeito, a Jandira trata
desse assunto há muito tempo. O
estranho seria não indicá-la", afirmou o líder da bancada do PC do
B, Inácio Arruda (CE).
Além de todos esses problemas,
o PPS divulgou uma nota no início da noite de ontem se recusando a assinar qualquer emenda
proposta pelo PT. Segundo os deputados do partido, os petistas estariam se recusando a assinar as
emendas propostas pelo PPS.
O conjunto de notícias contrárias levou o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), líder do governo
na Casa, a convocar para hoje
uma reunião da liderança dos
partidos da base. Embora negue
que haja problemas entre os aliados, Rebelo afirmou que a reunião terá por objetivo fechar
"uma posição da base na tramitação das reformas". Sob a análise
de que o jogo começa para valer
agora, o governo vem agindo para
diminuir a expectativa de susto na
tramitação.
O deputado Nelson Pellegrino
(BA), líder da bancada do PT, não
havia definido até o final da tarde
de ontem o nome dos integrantes
do partido na comissão, mas já
deixava claro que os descontentes
seriam substituídos.
"Vou colocar na comissão
aqueles companheiros que vão
traduzir a posição da bancada e
que vão sustentar a proposta do
governo", afirmou.
Segundo ele, a comissão precisa
ser reforçada por parlamentares
petistas que foram bem avaliados
pelo governo durante a tramitação na CCJ, como os deputados
José Eduardo Cardoso (SP) e
Maurício Rands (PE).
"O certo é que os membros do
PT não serão os mesmos", afirmou, referindo-se à comissão de
trabalho que já estudava os temas
previdenciários e que era composta pelos deputados "esquerdistas" Ivan Valente (SP) e Doutor Rosinha (PR).
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