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São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2003

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REFORMAS

Dos 38 integrantes, 24 são da base governista, mas seis deles já criticaram principais pontos do projeto do governo

Planalto e rebeldes disputam comissão da Previdência

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Câmara dos Deputados instalou ontem a comissão especial que vai analisar a reforma da Previdência em meio a um embate entre a articulação política do governo e setores da base aliada ao Planalto. Enquanto alguns deputados declaradamente contrários à proposta eram excluídos da comissão, outros eram indicados pela liderança de partidos aliados.
A comissão tem 38 membros, e os partidos que dão sustentação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 24 -cinco a mais do que o suficiente para aprovar as matérias de interesse do Planalto.
O problema é que o PTB, o PC do B e o PDT indicaram seis deputados que acumulam várias manifestações contrárias aos principais pontos da proposta.
"Acho que o governo fez essa proposta dura para ceder agora", afirmou o deputado Roberto Jefferson (RJ), líder da bancada do PTB, que indicou três deputados que serão problema para o Planalto: Arnaldo Faria de Sá (SP), Jair Bolsonaro (RJ) e Luiz Antonio Fleury (SP). Os dois últimos chegaram a ser substituídos pelo PTB na Comissão de Constituição e Justiça na análise da reforma porque tinham intenção de votar contra o governo.
Um exemplo do que vem por aí: "Isso é um crime, sou totalmente contra [a limitação das pensões a 70% do salário do servidor], isso está na Bíblia, ai daqueles que enganarem as viúvas", disse Bolsonaro ontem.
Jefferson disse que pediu moderação aos deputados, mas não que deixem de defender seus pontos de vista que colidam com os defendidos pelo governo.
O PDT foi outro exemplo. Indicou o ex-governador Alceu Collares (RS), que se notabilizou como sendo a principal voz de oposição ao governo na CCJ.
O PC do B entrou com a deputada Jandira Feghali (RJ), outra notória crítica da reforma. "Não tinha outro jeito, a Jandira trata desse assunto há muito tempo. O estranho seria não indicá-la", afirmou o líder da bancada do PC do B, Inácio Arruda (CE).
Além de todos esses problemas, o PPS divulgou uma nota no início da noite de ontem se recusando a assinar qualquer emenda proposta pelo PT. Segundo os deputados do partido, os petistas estariam se recusando a assinar as emendas propostas pelo PPS.
O conjunto de notícias contrárias levou o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), líder do governo na Casa, a convocar para hoje uma reunião da liderança dos partidos da base. Embora negue que haja problemas entre os aliados, Rebelo afirmou que a reunião terá por objetivo fechar "uma posição da base na tramitação das reformas". Sob a análise de que o jogo começa para valer agora, o governo vem agindo para diminuir a expectativa de susto na tramitação.
O deputado Nelson Pellegrino (BA), líder da bancada do PT, não havia definido até o final da tarde de ontem o nome dos integrantes do partido na comissão, mas já deixava claro que os descontentes seriam substituídos.
"Vou colocar na comissão aqueles companheiros que vão traduzir a posição da bancada e que vão sustentar a proposta do governo", afirmou.
Segundo ele, a comissão precisa ser reforçada por parlamentares petistas que foram bem avaliados pelo governo durante a tramitação na CCJ, como os deputados José Eduardo Cardoso (SP) e Maurício Rands (PE).
"O certo é que os membros do PT não serão os mesmos", afirmou, referindo-se à comissão de trabalho que já estudava os temas previdenciários e que era composta pelos deputados "esquerdistas" Ivan Valente (SP) e Doutor Rosinha (PR).


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