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São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2003

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JANIO DE FREITAS

A derrota em casa

Luiz Inácio Lula da Silva e José Dirceu sofreram ontem dura derrota. A de Lula, derrota dupla. Há muito tempo não via derrota deste gênero e com tamanha intensidade.
A tentativa prepotente de proibir a presença de parlamentares petistas na manifestação de funcionários em Brasília contra o projeto de "reforma" previdenciária suscitou em parte da bancada uma reação que obrigou o governo a um recuo degradante e apressado, com a admissão das presenças "segundo decisão individual". Exatamente o tipo de decisão que o governo e seus comandados na direção do PT não admitem, com sua exigência de que as atitudes na bancada não quebrem a unidade, seja qual for a opinião pessoal. Cerca de um terço da bancada esteve na manifestação.
Os governos anteriores também se viram contestados por manifestações públicas. Sempre organizadas e constituídas por oposicionistas. A de ontem, porém, foi feita contra o governo de Luiz Inácio Lula da Silva por companheiros de Lula no sindicalismo, no petismo matriculado ou informal e nas urnas. Caso talvez sem precedente.
O velho líder sindical, o velho defensor da melhoria de vida dos assalariados, do grande funcionalismo e dos aposentados, o velho líder eleito pelas décadas de tamanha luta, o velho líder ontem estava em um palácio, fora do alcance dos aposentados, dos funcionários e dos assalariados que se sentem, e de fato são, prejudicados por um projeto seu. Era preciso ver para descrer.


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