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ÁREA SOCIAL
Unificação dos programas terá duas propostas
GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após um mês de adiamentos,
está marcada para hoje a reunião
da Câmara de Política Social que
irá discutir a unificação dos programas de transferência de renda
do governo federal. Em vez de
uma, como previsto, serão apresentadas duas propostas: a "oficial", da ministra Benedita da Silva (Assistência e Promoção Social), incumbida do trabalho pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e a "alternativa", de José Graziano (Segurança Alimentar).
Graziano mantém autonomia
para os programas sociais em sua
proposta. Já o plano de Benedita
concentra tudo sob um comando
único. Embora as duas propostas
sejam diferentes em alguns aspectos, há um grupo de técnicos que
já tenta costurar um consenso entre os dois modelos.
Em 30 páginas, a proposta de
Graziano, intitulada "Integração
dos Programas Federais de
Transferência Condicionada de
Renda", defende a integração total dos programas, a "priorização
territorial" da implantação do novo modelo (que não começaria a
funcionar em todo o país de uma
só vez) e define regras de transição para a ampliação dessa nova
forma de transferir renda às famílias pobres.
A proposta do ministro também não fecha valores, mas sugere um piso de R$ 50 por família.
O limite seria a soma de tudo o
que é repassado atualmente pelos
programas de transferência de
renda (Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação, Cartão-Alimentação,
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, Vale-Gás e Agente
Jovem) ou meio salário mínimo.
Nos dois casos, o valor é próximo
de R$ 140.
O ministro tomou cuidado de
apresentar sugestões sem, no entanto, tomar as decisões finais sobre os aspectos mais importantes.
Exemplo: não indicou as regiões
do Brasil que primeiro deveriam
sediar o novo modelo. Deixou isso para o colegiado resolver.
Quando Graziano fala em "integração total" dos programas, refere-se à parte operacional.
A premissa disso é que o cadastro de beneficiados seja uma ferramenta que possibilite o cruzamento de informações entre as famílias atendidas pelos programas. Os municípios teriam acesso
a uma só tela de computador, que
concentraria informações sobre
todos os benefícios recebidos pelas famílias. Hoje em dia, cada
programa funciona de forma autônoma.
Diferença
A principal diferença entre a
proposta de Graziano e de Benedita é que, na primeira, os ministérios teriam mais autonomia gerencial sobre os programas. A
proposta da equipe da Assistência
Social retira das pastas toda e
qualquer possibilidade de tomar
decisões sobre o programa, inclusive na escolha dos beneficiados.
A assessoria de Graziano confirmou que o ministro apresentará o
documento na reunião, e disse
ainda que o trabalho já foi entregue à ministra Benedita e ao ministro-chefe da Casa Civil, José
Dirceu, que coordena a Câmara.
A reunião de hoje, marcada para
às 10h, será presidida por Lula.
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